‘Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo’ é uma experiência única

O multiverso é um tema que vem sendo abordado em diversas produções nos últimos tempos, principalmente produções de super-heróis. Mas nenhuma abordou o tema de modo tão certeiro e eficiente como ‘Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo’. É incrível como o filme consegue ser tão grande e espetacular, ao mesmo tempo em que é extremamente intimista. Como consegue navegar por entre diversos gêneros diferentes; é um filme de ficção científica com cenas de ação variadas de alto nível; mas também é um drama com um levíssimo toque de romance e ao mesmo tempo possui muito humor. Um mix que funciona muito bem em um roteiro muito corajoso, criativo e que foi transformado em um filme tão mágico que é impossível parar de pensar nele depois que acaba.

A história segue Evelyn Wang (Michelle Yeoh), uma imigrante chinesa dona de uma lavanderia que está com problemas quando seu comércio passa por uma auditoria da receita federal. Ela se vê envolvida em uma aventura surpreendente depois de conhecer um viajante do multiverso e passa a explorar diferentes versões alternativas de sua vida enquanto tenta salvar o mundo.

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Quando a história começa, logo se percebe o estresse da protagonista e a frustração que ela tem com a própria vida. Sua lavandaria está passando por sérios problemas com a receita federal, sua relação com seu marido está cada vez pior e sua filha se tornou uma pessoa que ela não reconhece mais. Para piorar, seu pai idoso chega da China e demonstra certo desprezo pela vida que a filha construiu. Com o encontro dela com o viajante do multiverso, Evelyn é lembrada das diversas decisões que tomou durante sua vida, que a fizeram chegar até ali e uma reflexão sobre elas, que se estende por todo o filme, acontece.

A essência do longa está basicamente nesse momento, em que Evelyn é relembrada sobre sua vida e passa a perceber o que poderia ter acontecido com ela caso tivesse tomado decisões diferentes. Assim ela passa a ser apresentada as outras Evelyns e as suas vidas, enquanto caos acontece a sua volta.

Outro ponto que o filme aborda é o trauma geracional que a família vive. A relação entre Evelyn e seu pai Gong Gong (James Hong) é uma catástrofe que foi refletida diretamente no relacionamento de Evelyn com sua filha Joy (Stephanie Hsu). Gong Gong não aceitou a personalidade e as decisões de Evelyn, que por sua vez não aceita a personalidade e as decisões de Joy. A necessidade de aprovação e a tendência a ser destrutiva que mãe e filha apresentam são diretamente causadas por esse ciclo vicioso dentro da família delas.

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Crédito: Divulgação/Diamond Films

Coração e alma

A atriz Michelle Yeoh é o filme. Sem ela, Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo não seria a obra-prima que é. Veterana em filmes de ação, Michelle mostra toda o seu talento em cada uma das elaboradas cenas de ação que o longa tem, que não se contenta apenas em mostrar uma ou duas artes marciais, mas diferentes tipos de lutas e habilidades. O timing dela para comédia e drama é excelente, trocando de um gênero para o outro de forma rápida como o filme pede. É sensacional como ela consegue ser tantas Evelyns em um curto período de tempo, sem mudar muito a personagem ao ponto de que não pareça com ela, mas no ponto certo para que seja crível que são versões diferentes da mesma pessoa. Merece todos os prêmios possíveis e impossíveis.

Grata surpresa

Uma das maiores surpresas do longa é a atriz Stephanie Hsu, que faz a filha de Evelyn, Joy Wang. Stephanie consegue atuar de uma forma tão sutil, mas ao mesmo tempo tão diferente, ao interpretar as diversas versões de Joy que chega a ser um pouco desconcertante.

O resto do elenco não deixa a desejar em nenhum momento. Ke Huy Quan, intérprete do marido de Evelyn Waymond, se encaixa perfeitamente na família e a amabilidade de seu personagem é um balanço ótimo para todo o estresse que a personagem de Michelle Yeoh apresenta. Jamie Lee Curtis faz a auditora da receita federal Deirdre Beaubeirdre, que aterroriza a família com sua ameaça de acusá-los de fraude e surpreende com suas ações durante o filme, sempre de forma impecável.

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Crédito: Divulgação/Diamond Films

Ousadia

Os diretores e roteiristas do longa, Dan Kwan e Daniel Scheinert, ousaram muito em escrever e apostar nessa história. Porém, conseguiram fazer algo muito inesperado e incrível com poucos recursos e muita criatividade. A edição e a montagem do filme têm grande contribuição para sua grandeza e para ele ser tão maravilhoso. No entanto, ambas não se apoiaram no uso de grandes efeitos visuais para fazer o filme ser interessante e sim, no uso de efeitos práticos de forma mais criativa que puderam imaginar.

Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo não é apenas um filme, é uma experiência. Ir assisti-lo sem saber muito sobre ele, sem buscar explicações sobre o seu enredo de antemão é o ideal. O fator surpresa que o filme tem, assim como os desdobramentos que sua história traz é o mais interessante sobre ele. É uma experiência que vale a pena ter na maior tela possível. Sem dúvidas, um dos melhores filmes de 2022, provavelmente o melhor.

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Ficha Técnica: Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

Título original: Everything Everywhere All at Once
Direção e roteiro: Dan Kwan, Daniel Scheinert
Elenco: Michelle Yeoh, Stephanie Hsu, Ke Huy Quan, James Hong, Jamie Lee Curtis, Tallie Medel
Duração: 139 minutos
Estreia: 23 de junho de 2022
Onde assistir: Somente nos cinemas
País: Estados Unidos
Gênero: ação, aventura, comédia, fantasia, ficção-científica
Ano: 2022
Classificação: 18 anos

Ana Teresa

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