Apesar da pouca idade, Damien Chazelle vem se firmando como um dos diretores mais interessantes da atualidade. Com apenas 33 anos e usando a música como tema principal em suas obras, como o desconhecido do público brasileiro “Guy and Madeline on a Park Bench” (2009) e os consagrados “Whiplash – Em Busca da Perfeição” (2014) e “La La Land – Cantando Estações” (2016) – o cineasta resolveu se aventurar no espaço para contar a história do astronauta Neil Armstrong, no ótimo “O Primeiro Homem” (2018).
Novamente contando com Ryan Gosling no papel principal, Chazelle não abandona suas características que marcam seus dois últimos trabalhos. Em O Primeiro Homem, assim como em Whiplash e La La Land, temos um homem obcecado com seu trabalho, focado em um objetivo, com problemas de relacionamento e que coloca a família em segundo plano. Se a falta de expressividade de Gosling resultou em muitas críticas negativas no primeiro filme de ambos, aqui ela é uma virtude, pois Armstrong é retratado como uma pessoa fria, que quase raramente demonstra algum sentimento.
Embora a música não seja o foco dessa vez, Chazelle usa e abusa da sonoridade para criar uma experiência maravilhosa, que muitas vezes coloca o espectador no ambiente vivido pelos homens que pisaram na lua pela primeira vez. Além do belo roteiro – que descreve todo o trabalho árduo para colocar uma nave no espaço, o treinamento necessário e a infinidade de testes que os astronautas são submetidos e como isso reflete na vida pessoal de Armstrong – O Primeiro Homem conta com a bela atuação de Claire Foy, que mostra o trabalho árduo da esposa de Armstrong, Janet, de segurar as pontas e dar normalidade em um lar onde a figura paterna é praticamente nula, sem deixar que a sua preocupação com a vida do marido atinja seus filhos.
O Primeiro Homem é mais uma prova de que a corrida espacial é capaz de proporcionar belos filmes tendo o espaço como pano de fundo. Não é nenhum exagero afirmar que, embora não seja uma produção fenomenal como “2001 – Uma Odisseia no Espaço” (1968) e excelente como “Os Eleitos” (1983), a cinebiografia de Neil Armstrong está no mesmo nível que outros ótimos filmes do gênero como “Apollo 13” (1995); “Lunar” (2009); “Gravidade” (2013); “Interestelar” (2014); “Perdido em Marte” (2015) e “Estrelas Além do Tempo” (2016), por exemplo.