“Culpa” é um dos destaques da 42.ª Mostra de Cinema de São Paulo

Dos 336 títulos de diversos países que serão exibidos em duas semanas durante da 42.ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, 19 deles fazem parte da pré-seleção dos indicados ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2019. E não é nenhum exagero afirmar que um deles, o dinamarquês “Culpa”, pode ser apontado como um dos favoritos.

Dirigido pelo estreante Gustav Möller, o filme conta a história de Asger Holm (Jakob Cedergren), um policial que, após ser suspenso de atuar nas ruas, trabalha na operação de alarmes de emergência por telefone da polícia. Durante seu turno, às vésperas do julgamento do caso que o tirou das ruas, ele recebe a ligação de uma mulher que está em um sequestro em andamento. Depois de uma desconexão repentina no sistema, as buscas pela mulher e seu sequestrados começam. Armado apenas de um telefone, Holm luta contra o tempo para solucionar o crime, que é maior do que ele imaginava.

Culpa é uma experiência angustiante que te prende do início ao fim, principalmente por mostrar pouca coisa do que realmente está acontecendo. Assim como “Locke” (2013), estrelado por Tom Hardy, o filme centra suas atenções no protagonista e praticamente apenas ouvimos suas conversas pelo telefone, já que o personagem praticamente não interage com os outros poucos atores do filme e não sai do seu ambiente de trabalho.

O roteiro, assinado pelo diretor em parceria com Emil Nygaard Albertsen, é muito bem elaborado, com algumas reviravoltas e diálogos muito bem escritos. Por se tratar de uma produção em que praticamente não temos o que olhar, o importante aqui é ouvir, se atentar aos mínimos detalhes das conversas, as entonações de vozes e descrição do que os personagens do outro lado da linha estão observando para compreender melhor a história e proposta do filme.

Além do ótimo texto, Culpa se sustenta graças a belíssima atuação de Jakob Cedergren, que carrega o filme praticamente sozinho e consegue passar ao espectador toda a angústia vivida pelo personagem tanto pelo caso que está tentando solucionar quanto pelo seu julgamento que ocorrerá no dia seguinte. O filme é um ótimo exemplo de como a linguagem cinematográfica pode ser usada sem escorar em grandes efeitos especiais, cenas robustas ou ação constante. Basta juntar uma ótima história, um diretor ousado e um ator excelente para  realizar um grande trabalho.

Culpa
Direção: Gustav Möller
Roteiro: Gustav Möller e Emil Nygaard Albertsen
Elenco: Jakob Cedergren, Jakob Ulrik Lohmann, Laura Bro
Gênero: Suspense
País: Dinamarca
Ano: 2018

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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