Antes de chegarmos a Daniel Radcliffe e o defunto-barco flatulento, gostaria de estabelecer alguns parâmetros para não escandalizar os fãs do ator.
Pessoas com bom senso e capacidade cognitiva, costumam conduzir suas escolhas de vida de maneira objetiva, clara e, porque não, coerente. Outras se movem por aí sem medir as consequências e acabam dormindo no alpendre da casa da(o) ex-companheira(o) no último dia de Carnaval.
Escolher um filme para assistir segue a mesma lógica. Alguns vão procurar ler a resenha completa, saber quem é o diretor, o elenco, a reação da crítica etc. Outros vão se interessar pelo cartaz bacana, por uma palavra da ação de marketing que lhes chame a atenção ou pela indicação da prima que mora em Sorocaba e acha que o fim de Lost foi “supercoerente”.
Mas um grupo raro e não menos importante, vive em um limbo longe dos extremos, ponderando as informações e ainda assim aceitando conselhos do lado impulsivo e incosequente do cérebro (aquele que nos fez ver Lost até o final).
Ainda assim, com todas as diferenças expostas acima, nenhum desses amantes da sétima arte resistiria à trama de um náufrago que utiliza um defunto como um jet ski movido à flatulência. Para melhorar, esse corpo sem vida é interpretado por Daniel Radcliffe, nosso velho amigo Harry Potter. Irresistível, né?
Apresentado no festival de Sundance desse ano, o filme “Swiss Army Man” (algo como Homem do Exército Suíço), além de Radcliffe, traz o ator Paul Dano em uma fábula estrambólica da melhor qualidade, o que não impediu que boa parte da plateia deixasse a sala antes do fim da projeção.
Para John Cooper, um dos diretores do festival, a exibição foi muito importante porque ele se viu livre da obrigação de ter de explicar a trama para a imprensa, já que ele “não tinha a menor ideia” do que se passava na tela.
Dirigido por The Daniels (como são conhecidos Daniel Scheinert e Daniel Kwan), o filme conta a história de Hank (Dano), perdido em uma ilha que se torna amigo do defundo Manny (Radcliffe) que um dia é trazido pelas ondas. Antes propenso ao suicídio, Hank encontra nova motivação com o amigo e o utiliza como uma embarcação movida a pum.
Como não querer assistir algo assim?
Confira a opinião de gente mais coerente em The Guardian, Pajiba e /Film.
Uma entrevista dos diretores e do elenco para o The Hollywood Reporter.
O videoclip de “Turn Down For What”, de Lil Jon, outra pérola do nonsense também dirigida por The Daniels.