‘Corpos’ faz uma bela mistura de ficção-científica com thriller e romance

A Netflix parecer ter encontrado um bom caminho ao adaptar as Graphic Novels da Vertigo, um dos tentáculos da DC Comics. A primeira investida foi a de maior risco, Sandman, uma das maiores HQs de todos os tempos que ganhou uma ótima versão da gigante do streaming sob os cuidados do seu criador, Neil Gaiman. Agora, a plataforma acertou em cheio novamente em apostar em um título menos conhecido do selo, ‘Corpos’, de Si Spencer, lançado em 2015.

Dividido em oito episódios, a minissérie britânica é um deleite. Misturando ficção-científica com uma trama policial instigante e uma certa dose de romance, ela prende a atenção do espectador do início ao fim, sem deixar pontas soltas ou respostas muito complexas ou pitorescas.

Crédito: Matt Towers/Netflix (divulgação)

Direto ao ponto

Em 2023, a policial Shahara Hasan (Amaka Okafor) descobre, enquanto fazia a segurança de uma manifestação, um corpo de um homem nu, baleado no olho e com uma tatuagem estranha no pulso. Para piorar, a bala que perfurou o olho da vítima não atravessou sua cabeça e não se encontra em seu crânio. Ela simplesmente desapareceu misteriosamente. Como se o caso não fosse estranho o suficiente, a trama volta para 1941, quando o policial Charles Whiteman (Jacob Fortune-Lloyd) encontra o mesmo caso, com a mesma vítima. E, para piorar, temos a mesma situação em 1890, envolvendo o policial Alfred Hillinghead (Kyle Soller), e em 2053, com a investigadora Iris Maplewood (Shira Haas).

A princípio, pode parecer complexo. Mas o criador da série, Paul Tomalin, acerta em entregar pistas e solucionar alguns dilemas episódio por episódio ao invés de somente ir criando expectativas no espectador e “explicar tudo no final”. Desse jeito, ele convida o público a decifrar o que está acontecendo em cada período e chama a plateia tentar montar o quebra-cabeças temporal da série.

Matt Towers/Netflix (divulgação)

Uma questão de tempo

E não precisa ser nenhum Sherlock Holmes para saber que, já que estamos falando sobre linhas temporais diferentes, é questão de tempo para que o assunto “viagem no tempo” apareça como foco principal na trama de Corpos. E aqui vai outro ponto positivo da minissérie. Ao contrário de produções que filosofam sobre causas e efeitos de viagem no tempo, universos paralelos e coisas do tipo, a obra de Spencer bebe mais da fonte de ‘De Volta Para o Futuro’ do que de ‘Vingadores Ultimato’, ‘Loki’ e afins. Simples e direto, curto e grosso.

Talvez, essa seja a grande virtude de Corpos. Ao invés de ficar debatendo questões filosóficas e científicas, ela vai direto ao assunto e para a história que queremos realmente entender. Soma-se esses fatos a um elenco que funciona muito bem, um roteiro criativo, ótimas ambientações de épocas distintas, figurinos bem feitos e cliffhangers bem encaixados e o resultado é outra bela adaptação de uma HQ da Vertigo. Que venham mais.

NOTA: 8,5

Trailer – Corpos

Ficha Técnica

Título original: Bodies
Criação: Paul Tomalin
Direção: Marco Kreuzpaintner, Haolu Wang
Roteiro: Paul Tomalin, Danusia Samal
Elenco: Jacob Fortune-Lloyd, Amaka Okafor, Shira Haas, Kyle Soller, Tom Mothersdale, Stephen Graham, Tom Mothersdale
Onde assistir: Netflix
Temporada: 1
Episódios: 8
Duração: 50 minutos
País: Reino Unido
Gênero: ficção-científica, mistério, thriller, romance
Ano: 2023
Classificação: 16 anos

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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