Embora se passe nas décadas de 40 e 50, Trumbo: Lista Negra é um filme atual, principalmente no Brasil onde a política virou uma guerra de ódio e pessoas são defenestradas por causa de suas posições políticas. Nada que se compare ao sofrimento do personagem principal do longa, o roteirista Dalton Trumbo, que figurou durante muito tempo na Lista Negra dos Estados Unidos e foi impedido de trabalhar por ser membro do Partido Comunista.
Quem está familiarizado com o cinema dessas décadas vai apreciar mais a obra de Jay Roach, estrelada por Bryan Cranston, Diane Lane e Helen Mirren. Trumbo: Lista Negra retrata como os profissionais da indústria hollywoodiana do período lidavam com essa delicada questão, como alguns sofreram por não entregar os seus amigos comunistas para as autoridades americanas e como outros se orgulhavam em destruir a vida dos antigos colegas socialistas. Os principais “soldados” dessa perseguição terrível eram o astro John Wayne (David James Elliott) e atriz e colunista Hedda Hopper (Helen Mirren) que, não apenas se orgulhavam em denunciar os “traidores da pátria”, como obrigavam os estúdios a não contratar nenhum dos profissionais de esquerda.
Danton Trumbo (Bryan Cranston) foi um dos que mais sofreram com essa perseguição comunista. O roteirista se recusou a cooperar com o Comitê de Atividades Antiamericanas do congresso, foi preso por ficar em silêncio e proibido de trabalhar. Após a prisão, impedido de trabalhar, teve que criar pseudônimos e convidou os amigos que se encontravam na mesma situação para trabalharem as escondidas. Mesmo assim, venceu dois Oscars pelo roteiro de A Princesa e o Plebeu (entregue a Ian McLellan Hunter, que havia se oferecido a se tornar fachada para Trumbo) e Arenas Sangrentas (creditado a um dos pseudônimos do roteirista, Robert Rich).
Além do ótimo roteiro, Trumbo se destaca pelo seu elenco. Cranston, indicado ao Oscar de Melhor Ator, está ótimo como o protagonista e conta com as belas atuações de Mirren, Lane (que interpreta a sua esposa, Cleo), Michael Stuhlbarg (Edward G. Robinson), Louis C.K. (Arlen Hird), John Goodman (Frank King) e Elle Fanning (que interpreta a sua filha, Niki). Uma ótima pedida para os fãs de cinema e uma obrigação para os revoltados online.