Considerado o pai do cinema surrealista, o espanhol Luis Buñuel (22/02/1900 – 29/07/1983) é um dos melhores cineastas de todos os tempos. Para homenagear os 120 anos do seu nascimento, o Petra Belas Artes realizará entre os dias 20 e 26 de fevereiro uma mostra que reunirá sete filmes e um curta do diretor, que representam períodos diferentes de sua filmografia.
Na mostra serão exibidos “Um Cão Andaluz” (1929), curta-metragem que marca sua estreia como diretor; “Os Esquecidos” (1950), obra da sua fase no México; “Viridiana” (1961), vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes; “O Anjo Exterminador” (1962), outro exemplar da fase mexicana de Buñuel; “A Bela da Tarde” (1967), clássico com produção francesa, estrelado por Catherine Deneuve; mais “O Discreto Charme da Burguesia” (1972), “O Fantasma da Liberdade” (1974) e “Esse Obscuro Objeto do Desejo” (1977), respectivamente os três últimos trabalhos de Luis Buñuel.
Nascido em Calanda, Buñuel se mudou com a família para Saragoça e em 1917 foi para Madri onde entrou para a universidade, tornando-se próximo de outros artistas que se tornaram grandes amigos seus, entre eles Salvador Dalí e Federico García Lorca.
Mais tarde, vivendo em Paris, fez seu primeiro filme, o curta-metragem “Um cão Andaluz” (1929), obra que deu fama imediata a ele, graças às suas imagens chocantes como, por exemplo, a do globo ocular sendo cortado por uma navalha. No ano seguinte, dirigiu seu primeiro longa, “A Idade do Ouro” (1930), que atacou sem piedade a igreja e a classe média, alvos frequentes em toda a carreira de Buñuel. No mesmo ano, após a Guerra Civil Espanhola, se mudou para os EUA.
Mudando-se para o México no final da década de 1940, Buñuel lançou sua obra-prima: “Os Esquecidos” (1950), que deu a ele o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes. A Palma de Ouro do festival veio em 1961, com “Viridiana”.
Esta fase inaugurou o último grande período de Buñuel, quando, com a colaboração do produtor Serge Silberman e do roteirista Jean-Claude Carrière, ele fez sete obras extraordinárias, começando com “O Diário de uma Camareira” (1964). Com produções caras e grandes estrelas como Jeanne Moreau e Catherine Deneuve, essa nova safra de filmes mostrou que, mesmo na velhice, Buñuel não perdeu nada do seu vigor juvenil.
Depois de “A Bela da Tarde” (1967), Buñuel dizia que seu próximo filme seria o último de sua carreira. Promessa cumprida com “Esse Obscuro Objeto do Desejo” (1977). Depois do lançamento de “Meu Último Suspiro” (sua autobiografia, escrita por Jean-Claude Carrière), ele recusou um convite de Salvador Dali para realizarem um filme juntos e veio a falecer em 1983, aos 83 anos, na Cidade do México, deixando para a posteridade uma das filmografias mais preciosas do cinema mundial.
MOSTRA LUIS BUÑUEL
UM CÃO ANDALUZ
(Un Chien Andalou)
França, 1929, p/b, 16 min., curta-metragem
Direção: Luis Buñuel
Elenco: Luis Buñuel, Pierre Batcheff e Simone Mareuil.
Com roteiro co-escrito por Salvador Dalí, Luis Buñuel estreou como diretor neste curta-metragem, o marco inicial do surrealismo no cinema. Com clara influência da psicanálise, Buñuel e Dalí exploram o inconsciente humano, numa seqüência de cenas oníricas, incluindo o célebre momento em que um homem, interpretado pelo próprio diretor, corta, com uma navalha, o olho de uma mulher.
OS ESQUECIDOS
(Los Olvidados)
México, 1950, p/b, 85 min., drama, idioma: espanhol (legendado)
Direção: Luis Buñuel
Elenco: Roberto Cobo, Miguel Inclan e Alma Delia Fuentes.
O cotidiano de um grupo de jovens delinqüentes, entre eles Jaibo, recém fugido do reformatório, e Pedro, um garoto rejeitado pela mãe que acaba se envolvendo em um assassinato.
O ANJO EXTERMINADOR
(El Ángel exterminador)
México, 1963, 95 min., p/b, drama, idioma: espanhol (legendado)
Direção: Luis Buñuel
Elenco: Silvia Pinal, Tito Junco e Enrique Rambal.
Misteriosamente, após um luxuoso jantar oferecido por um casal de burgueses ricos, nenhum dos convidados consegue deixar a mansão. Ao longo dos dias que se seguem, todas as máscaras criadas em virtude das posições sociais caem.
VIRIDIANA
(Viridiana)
Espanha/México, 1961, p/b, drama, idioma: espanhol (legendado)
Direção: Luis Buñuel
Elenco: Silvia Pinal, Fernando Rey e Francisco Rabal.
A noviça Viridiana (Silvia Pinal) faz uma visita ao seu tio moribundo, atendendo a um pedido do próprio. O pervertido homem, obcecado pela beleza da jovem, tenta seduzi-la de todas as formas. Ele morre e Viridiana decide não mais voltar ao convento. Em contrapartida transforma a antiga casa do tio num abrigo para necessitados e moradores de rua.
A BELA DA TARDE
(Belle de Jour)
França, 1967, cor, 100 min., drama, idioma: francês (legendado)
Direção: Luis Buñuel
Elenco: Catherine Deneuve, Jean Sorel e Michel Piccoli.
Séverine é uma jovem rica e bonita, porém infeliz. Ela ama seu marido (Jean Sorel), um médico, mas eles não são tão íntimos quanto ela deseja. Ela procura um discreto bordel, comandado pela Madame Anais (Geniviève Page), para realizar suas fantasias eróticas e e conseguir o prazer que seu marido não consegue lhe dar. Ela trabalha como prostituta à tarde e à noite retoma a vida de casada, mas um cliente abusivo promete complicar a situação.
O DISCRETO CHARME DA BURGUESIA
(Le Charme discret de la bourgeoisie)
França, 1972, cor, 102 min., comédia, idioma: francês (legendado)
Direção: Luis Buñuel
Elenco: Fernando Rey, Paul Frankeur e Delphine Seyrig.
Um embaixador rico e um grupo de amigos burgueses se reúnem para jantar, mas a anfitriã estava esperando por eles em uma noite diferente. O grupo, então, tenta jantar em um restaurante, só para encontrar os garçons de luto pela morte repentina de seu gerente. Logo fica claro que o grupo sofisticado está fadado a ter a sua refeição interrompida por ocorrências cada vez mais bizarras.
O FANTASMA DA LIBERDADE
(Le fantôme de la liberté)
França, 1974, cor, 104 min., comédia, idioma: francês (legendado)
Direção: Luis Buñuel
Elenco: Monica Vitti, Adolfo Celi e Jean-Claude Brialy.
Várias situações independentes se sucedem, num filme episódico, sempre ligadas por um dos personagens. Mais uma parceria de Luis Buñuel com o roteirista Jean-Claude Carrièe. Trama surreal e livre, uma sátira onírica e nonsense, na qual o diretor apela para a total inversão de valores no ataque à religião, à pátria e à família. O humor é erótico e violento. Para públicos específicos. Uma das obras mais características do diretor amaldiçoado pela igreja. Sem dúvida, mais uma obra-prima surrealista.
ESSE OBSCURO OBJETO DO DESEJO
(Cet Obscur Objet du Désir)
França, 1977, cor, 102 min., comédia, idioma: francês e espanhol
(legendado).
Direção: Luis Buñuel
Elenco: Fernando Rey, Carole Bouquet e Ángela Molina.
A história de uma jovem que instiga e faz de tudo para manter a obsessão de um homem mais velho por ela, mas que não permite que ele concretize sua fantasia. Baseado em obra de Pierre Louys.