O Diabo de Cada Dia critica o fanatismo religioso

Em uma época em que o avanço desenfreado da religião na política e na ciência,  ‘O Diabo de Cada Dia’, filme da Netflix que estreia nesta quarta-feira (dia 16) é, antes de mais nada, de extrema importância. Principalmente por mostrar como o fanatismo cego, principalmente o religioso, é capaz de despertar o que há de pior nas pessoas e criar situações irremediáveis.

Sinopse

O Diabo de Cada Dia se passa nos anos 1950 em Knockemstiff (Ohio), um sertão esquecido dos Estados Unidos, onde uma tempestade de fé e violência, assim como redenção, está se formando. Desesperado por salvar sua esposa moribunda, Willard Russell (Bill Skarsgård) se volta para a oração, após ter perdido sua fé logo depois de um trauma de guerra. Isso impacta a vida de seu filho Arvin (Tom Holland na fase adulta), que, dessa forma, acaba sendo criado pela vó fanática religiosa. O filme reúne nesse ínterim um time de personagens bizarros e sua relação com a fé nas duas décadas que a história se passa.

O filme desde já se torna importante pelo debate que ele propõe a fazer, principalmente sobre personagens simplórios, ignorantes e que acreditam na religião e uso desenfreado de armas como solução dos seus problemas. Sejam os mais banais, assim como os mais complexos. E como outras, inescrupulosas, aproveitam da fé alheia para ludibriá-las e cometer uma série de barbaridades.

Ao longo de O Diabo de Cada Dia, acompanhamos diversos casos, centralizados em três mais importantes: Arvin e sua família; o casal de serial killers e o pastor Teagardin (Robert Pattinson).

Elenco conhecido e diretor ‘brasileiro’

Além dos atores que interpretam os novos Pennywise, Homem-Aranha e Batman citados anteriormente, o elenco é recheado de rostos conhecidos, como Sebastian Stan (o Soldado Invernal), Mia Wasikowska (Alice), Jason Clarke (o John Connor de Terminator Genesys) e Harry Melling (o Dudley, primo de Harry Potter).

Embora não tenha nascido no Brasil, o diretor e roteirista do filme Antonio Campos tem sangue brasileiro em suas veias. Ele é filho do jornalista Lucas Mendes, que há décadas apresenta o Manhattan Connection, no GNT. O Diabo de Cada Dia é seu primeiro longa fora do circuito independente e ele não perde a mão na direção, mesmo lidando com tantos rostos conhecidos do grande público.

Apesar de trazer uma discussão interessante, O Diabo de Cada Dia tem suas falhas. A primeira dela é o tempo excessivo do filme. São 138 minutos de uma trama que muitas vezes se arrasta demais em contar uma história. A falha se agrava quando, apesar do tempo longo da produção, ela não se aprofunda no desenvolvimento da maioria dos seus personagens, principalmente os do núcleo do serial killer. Parece que eles são apenas uma ferramenta para ligar a família de Arvin do início ao fim.

Muita gente pode estranhar também o ritmo do filme. Ele, apesar te ter cenas de violência explícita, tem um ritmo lento, cadenciado, para que o espectador absorva com calma e tenha tempo para refletir o que vê em cena. Portanto, dê uma chance para O Diabo de Cada Dia. No final das costas, vale a pena assisti-lo.

Ficha técnica

Título original: The Devil All the Time
Direção: Antonio Campos
Elenco: Robert Pattinson, Tom Holland, Bill Skarsgård, Sebastian Stan, Mia Wasikowska, Jason Clarke, Harry Melling
Data de estreia: 16 de setembro de 2020
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Ano de produção: 2020
Duração: 138 minutos
Onde assistir: Netflix

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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