Next Men é ação e política nos anos noventa

Capa da edição brasileira de Next Men, publicada no Brasil pela Mythos Editora

Tem muito gibi bom que pode passar despercebido por quem ainda não é leitor de quadrinhos justamente por parecer plágio de outro título mais conhecido. Falamos sobre isso aqui na Dimensão Geek com O Morcego Negro e voltamos agora ao assunto com outro ótimo título publicado aqui pela Mythos Editora: Next Men, que saiu originalmente no EUA em 1991.

Se no caso do Morcego, a temática e o nome já facilitava a confusão com o Batman, Next Men tem ainda mais um ponto em comum com os mutantes da Marvel: John Byrne. O criador do grupo também já emprestou seu traço para os X-Men, sendo inclusive o responsável pelas ilustrações da Saga da Fênix Negr. Escrita por Chris Claremont a história foi mais uma vez adapatda para os cinemas no filme que encerrou que marcou a compra da Fox pela Disney.

Contudo, embora tenham um nome semelhante e a mesma mente criativa, as histórias não poderiam ser mais diferentes. Em Next Men acompanhamos Bethany, Jazz, Nathan, Jack e Danny, jovens criados em laboratório, que desenvolveram poderes incríveis em um controverso programa do governo estado-unidense, mas nunca viram a luz do dia.

Aliás, isso é o que eles não sabem. Os cinco passaram mais de uma década em incubadoras com suas mentes aprendendo e evoluindo por meio de um sofisticado sistema de realidade virtual. E, quando o senador Aldus Hilltop deseja encerrar o projeto e destruir as cobaias, eles acabam despertando em um mundo muito diferente do que ele era no “Jardim”, nome do local no qual viviam suas consciências.

Jogo político

O que se segue é o esperado: uma aventura de ritmo frenético com os jovens divididos tentando se reencontrar enquanto fogem de seus perseguidores e cada novo personagem inserido na trama tem sua confiança posta em cheque pelos jovens (e pelo leitor). Tudo isso enquanto tentam se adaptar a um mundo que não conhecem e parece não fazer o menor sentido.

Mas, Next Men também chama a atenção pelas tramoias políticas de Hilltop. O texto (e a arte) de Byrne são caprichados em todos os pontos da edição, mas é na construção do político canalha que alcançam seu patamar máximo. Não por ele ser mal, ganancioso ou inteligente como se espera do vilão de uma HQ, mas pela verossimilhança digna de um congressista real e suas manipulações de bastidores. Principalmente na passagem que conta o processo criação dos Next Men.

Para concluir, o encadernado da Mythos é uma ótima história para leitores adultos, mesmo que nunca tenha lido nada de quadrinhos. Traz a ambientação da década de 1990, o que justifica algumas passagens de roteiro. Lembra como os cineastas daquela época inseriam uma cena de sexo em um momento inapropriado dos filmes de ação e ainda assim ela era algo que o público já esperava? Então, é bem por aí.

E também vem com boas doses de suspense e terror, concedidas pelo macabro mentor de Hilltop e suas maquinações, o qual falar mais sobre pode estragar o prazer de ler este belo volume de 320 páginas. Aliás, mesmo parrudo, o volume não foi suficiente para conter a história completa dos Next Men, então não se surpreenda em terminar a leitura com algumas perguntas sem resposta e um belo gancho para a próxima edição. A boa notícia é que rumores apontam a publicação do volume 2 para um momento próximo, que pode ser ainda em 2019.

Ficha Técnica:
Next Men
Autor: John Byrne (roteiro e arte)
Editora: Mythos
Capa: dura
Lombada: quadrada
Páginas: 320
Formato: 26,4 x 17,4 cm
Lançamento: outubro / 2013

Carlos Bazela

Jornalista e leitor compulsivo, gosta de cerveja, café e chá preto não necessariamente nessa ordem. Fã de boas histórias, principalmente daquelas contadas por meio de desenhos e balões.

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