Morcego Negro é muito mais que um Batman genérico

Capa da edição brasileira do Morcego Negro, publicada pela Mythos
Capa da edição brasileira do Morcego Negro, publicada pela Mythos

Ao abrir as primeiras páginas do encadernado O Morcego Negro, publicado no Brasil pela Mythos Editora, vemos uma banca com jornais noticiando crimes e corrupção, um beco à noite e um texto sobre a cidade ter virado um manicômio e um homem de capa preta e máscara disposto a “não deixar os internos assumirem o controle do hospício”.

Com esse começo, é muito difícil acreditar que a HQ de Brian Buccellato e Ronan Cliquet não passa de uma cópia barata do Batman, conhecido até por quem não é leitor assíduo de gibis. Mas, para a alegria de quem continua lendo este ótimo volume, já nas páginas seguintes vemos que se trata de um personagem muito diferente do Cruzado de Gotham.

O Morcego Negro é Anthony Quinn, advogado e filho de um renomado e íntegro juiz que, diferente do pai, aceitou defender os maiores criminosos da cidade sem nome na qual a história se passa em troca de quantias obscenas de dinheiro, claro.

Quinn logo descobre que servir ao crime não compensa da pior forma possível. Após se recusar a entregar o nome de uma testemunha ao chefão Oliver Snate, Tony teve seus olhos arrancados pelos capangas do vilão e foi deixado para morrer. No entanto, o advogado foi encontrado por uma misteriosa organização e levado a um lugar conhecido simplesmente como O Complexo.

Lá, ele recebeu treinamento em combate e um par de olhos biônicos que funcionam como os olhos de um morcego, lhe conferindo a habilidade de enxergar à noite e ver assinaturas de calor. Tony Quinn então inicia sua vingança pelo submundo, caçando bandidos com o objetivo de encontrar e trazer Snate à Justiça. Mas, quem financiou os novos olhos do Morcego e o que a organização pretende?

A medida que acompanhamos a cruzada de Quinn, vai ficando mais difícil traçar comparações entre o Morcego e o Batman, por conta do teor mais violento da história e da própria personalidade do ex-promotor, que embora queira andar no caminho da lei, sem mortes, acaba se deixando levar pela emoção diversas vezes e isso acaba comprometendo sua segurança e de seus aliados.

Pulp reimaginado

O Morcego Negro já apareceu no encadernado Máscaras, que reuniu heróis clássicos e do qual já falamos aqui na DG. Contudo, a história escrita por Buccellato é uma terceira versão, que bebe mais na história original do personagem, criada em 1939 – assim como o Batman – e se encaixando no gênero pulp, que trazia histórias de crimes, vigilantismo e certa dose de violência para a literatura da década de 1930.

Na história original do Morcego, inclusive, ele era um promotor desfigurado por uma ataque de ácido. Algo parecido com a origem do vilão Harvey Dent, o Duas-Caras do Universo do Batman. Coincidência?

Com um final impactante e surpreendente, o saldo final é que O Morcego Negro é uma HQ policial excelente e que não pede nenhuma outra leitura prévia. Um volume indicado também para novatos nas HQs e que oferece muito mais do que uma aventura adulta estrelada por um Batman genérico.

Ficha Técnica:
O Morcego Negro
Autores: Brian Buccellato (roteiro), Ronan Cliquet (desenhos)
Editora: Mythos
Capa: dura
Lombada: quadrada
Páginas: 340
Formato: 26,4 x 17,4 cm
Lançamento: janeiro / 2016

Carlos Bazela

Jornalista e leitor compulsivo, gosta de cerveja, café e chá preto não necessariamente nessa ordem. Fã de boas histórias, principalmente daquelas contadas por meio de desenhos e balões.

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One thought on “Morcego Negro é muito mais que um Batman genérico

  1. Next Men é ação e política nos anos noventa | Dimensão Geek 13/08/19 at 01:16

    […] por parecer plágio de outro título mais conhecido. Falamos sobre isso aqui na Dimensão Geek com O Morcego Negro e voltamos agora ao assunto com outro ótimo título publicado aqui pela Mythos Editora: Next Men, […]

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