O lançamento de ‘Jurassic World: Domínio’ conclui a segunda trilogia da saga trazendo diversos elementos e personagens da primeira, no que deveria ser o maior e mais épico filme sobre dinossauros já lançado. Mas o longa desaponta ao não focar no verdadeiro motivo pelo qual a série de filmes fez tanto sucesso e sempre foi considerada tão interessante, reunindo tantos fãs pelo mundo: os dinossauros.
Sendo o sexto filme baseado na história de Michael Crichton, manter a história nova e interessante de modo que não fique repetitiva ou cansativa para o público deve ser um trabalho difícil para os roteiristas. Mas considerando a recepção do longa anterior e as reclamações feitas sobre ele, era esperado que eles soubessem o que o público não gostaria de ver novamente na história. Não que eles continuassem insistindo em utilizar os mesmos recursos tão odiados anteriormente.
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No final do segundo filme, os dinossauros de todas as espécies são soltos pelo mundo e, pela primeira vez, a humanidade se vê obrigada a conviver com eles. A expectativa era que as consequências dessa nova dinâmica – onde o mundo está repleto de dinossauros – seriam abordadas em Jurassic World: Domínio. Esse era o grande diferencial desse filme para os outros da saga: a possibilidade de ver os dinossauros pelo mundo, como a presença deles influencia o meio, como ocorre, como a humanidade está se adaptando a tudo isso.
E, em um primeiro momento, as expectativas são atingidas, com uma espécie de documentário mostrando tudo o que aconteceu desde o final do longa anterior e, principalmente, retratando a reação que as pessoas têm com a volta dos dinossauros. Mas no decorrer da história, os personagens se encaminham para um local afastado onde os animais estão concentrados, exatamente como já vimos nos outros filmes.
O enredo
O enredo se divide em dois núcleos, focando nos dois trios de protagonistas da saga. O principal segue Owen Grady (Chris Pratt) e Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) que vivem em uma área isolada com Maisie Lockwood (Isabella Sermon), a adolescente que é um clone da filha de um dos fundadores do Jurassic Park original e precisa viver escondida do resto do mundo para sua própria segurança.
O segundo núcleo segue a Dra. Ellie Sattler (Laura Dern) que está investigando a contaminação de plantações no mundo inteiro por uma espécie de gafanhotos e ela pede ajuda a dois velhos amigos, Alan Grant (Sam Neil) e Ian Malcolm (Jeff Goldblum), após perceber que a megacorporação tecnológica BioSyn é a grande culpada pela existência dos insetos. A empresa também é a responsável por sequestrar Maisie e é assim que os dois núcleos acabam se convergindo.
Nostalgia
A nostalgia é o fator usado como recurso principal. Além da volta dos protagonistas da trilogia original, que são ótimos de ver em tela novamente e continuam os mesmos, referências ao resto da franquia estão em todos os lugares. Mas não só de nostalgia se faz um filme. Existem diversos problemas no roteiro, além dele ter focado novamente na questão dos clones do filme anterior, que não é muito interessante. Falta ritmo, principalmente no começo, pelas muitas narrativas e núcleos que precisam ser abordados e explicados.
Alguns personagens surgem e são descartados de forma rápida sem muitos problemas e explicações. Tem poucas pausas, é muita correria, perseguição, adrenalina, quase sem parar, ficando até cansativo. E seu maior problema é que é extremamente preguiçoso, as situações são todas muito convenientes e acontecem de forma fácil demais para os protagonistas. Além de tudo, tem duas horas e meia de duração, sem a menor necessidade.
Assuntos demais
É engraçado ver quantos assuntos da nossa atual realidade o enredo quer discutir. Escassez de alimentos, uso da tecnologia na agricultura, alimentos transgênicos, genética, corporativismo e monopólio de grandes empresas. E a existência dos dinossauros não é exatamente algo que afete esses temas. Um exemplo, um filme centrado apenas na possibilidade genética que é o sucesso da clonagem e da existência de Maisie poderia ser feito sem qualquer menção aos dinossauros e a história funcionaria. Um filme sobre uma corporação desenvolvendo gafanhotos para se tornar monopólio na agricultura também. Então fica um pouco sem sentido ter colocado tantos enredos que não são sobre dinossauros em um filme sobre essas criaturas. Teria sido muito mais interessante ver os animais interagindo e vivendo pelo mundo do que esse roteiro.
Destaque positivo
O melhor de Jurassic World: Domínio são os efeitos excelentes. Toda a parte visual e dos dinossauros é incrível, extremamente realista. Muitas espécies novas aparecem, inclusive com penas, algo até então inédito. As lutas entre eles são ótimas e eles fazem o filme ser interessante. Ver os animais pré-históricos, principalmente quando mostra eles soltos pelo mundo, convivendo com a humanidade e tomando o espaço deles junto com os outros animais, é o mais legal do longa.
O terceiro filme de Jurassic World encerra a trilogia de forma morna e superando apenas o longa anterior, que foi péssimo. Por seu roteiro conveniente e preguiçoso é difícil gostar dele e achar que não foi feito apenas para lucro. Ainda é cedo para saber se a franquia irá continuar em outra trilogia ou produção, mas é certo dizer que, caso queiram trazer essa história de volta precisam focar no que é interessante e no que o público realmente quer ver: os dinossauros.
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Ficha técnica – Jurassic World: Domínio
Título original: Jurassic World Dominion
Direção: Colin Trevorrow
Roteiro: Emily Carmichael, Colin Trevorrow
Elenco: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Laura Dern, Sam Neill, Jeff Goldblum, Isabella Sermon
Onde assistir: somente nos cinemas
Duração: 146 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: aventura, ficção-científica
Ano: 2022
Classificação: 12 anos