Muita gente não familiarizada com o mundo dos quadrinhos, mais precisamente com o da DC Comics, deve olhar para a campanha publicitária de “Batman VS Superman” e se perguntar porque diabos dois heróis estariam brigando.
Sem adiantar spoilers da trama do filme, é possível recorrer ao passado para explicar a razão dessa animosidade.
Os dois foram criados como personagens de quadrinhos. Em 1938, Jerry Siegel e Joe Shuster deram vida ao o Superman para a revista Action Comics e foi um sucesso imediato. Em 1939, em busca de um heróis para competir no mercado, Bob Kane criou o Batman para a Detective Comics.
De lá pra cá muita água rolou. Fusão de companhias, fusão de títulos, perda de direitos autorais etc. Fato é que o Azulão e o Morcego vivem no mesmo universo, sendo inclusive parceiros na Liga da Justiça.
Dado o sucesso e a longevidade dos personagens, eles logos expandiram seus domínios para outras mídias, mais notadamente o cinema e a TV.(CBS)
Aí começou verdadeira disputa: a luta pela audiência e pela bilheteria.(Den of Geek)
Na tela
Batman chegou primeiro ao mundo dos filmes, em 1943, mas não foi uma estreia livre de percalços. Lewis G Wilson, aos 23 anos, foi criticado durante todos os 15 episódios que durou o seriado. A voz aguda e o sotaque da cidade de Boston não ajudaram, assim como o cinto de utilidades posicionado quase no peito.
O escoteiro azul chegou às telas em 1948 interpretado pelo ator Kirk Alyn no seriado “Superman, The Mighty Man of Tomorrow” e em “Atom Man vs. Superman”, de 1950. Lois Lane já aparecia na trama vivida pela atriz Noel Neill. Lex Luthor também dá o ar da graça, assim com a kryptonita.
Em 1951, o ator George Reeves assumiu o papel do homem de aço, tendo ao lado Phyllis Coates como Lois Lane no filme “Superman and the Mole Men“. Bem sucedida, a película abriu caminho para a série “The Adventures of Superman“, que durou de 1952 a 1958. Graças à popularidade da série, o ator ficou marcado pelo personagem e não conseguiu outros papéis, o que o teria levado à depressão e ao suicídio. Ben Affleck, o novo Batman, dirigiu e estrelou “Hollywoodland” (2006), uma cinebiografia de Reeves.
Batman And Robin, de 1949, trazia o experiente Robert Lowery como o Homem Morcego. Aos 36 anos, Lowery era capaz de colocar o cinto de utilidades na cintura, além de emprestar ao personagem um tom mais apropriado. Como curiosidade, vale lembrar que o ator participou como convidado de um episódio de “The Adventures Of Superman” em 1956, num “quase” crossover.
Adam West é o Batman mais amado de todos os tempos. A produção amalucada de 1966 misturava onomatopéias, histórias e vilões ridículos e um Batman barrigudinho cuja máscara tinha as sobrancelhas desenhadas. “Santa presepada”, diria Robin diante de tanta papagaiada nonsense. Mas que era divertido, era. E ainda rendeu o “Feira da Fruta”.
Christopher Reeve é o Superman. Ponto. Não tem discussão. Em 1978, um ainda desconhecido Reeve interpretou o kryptoniano tendo Marlon Brando como Jor-El, Gene Hackman como Lex Luthor e Margot Kidder como Lois Lane. Sem inventar moda, o filme conta a origem do personagem com aquele charme de efeito especial meio trash. Espetacular.
O seriado “Lois & Clark: The New Adventures of Superman” (1993-97) seguiu uma linha mais infantil, com um toque de comédia romântica, dividindo o protagonismo do programa entre o Superman de Dean Cain e a Lois Lane de Teri Hatcher. Fez relativo sucesso, mas não exatamente entre o público consumidor de quadrinhos.
Demorou mais de 20 anos depois de Adam West sair de cena para que a roupa do Morcego pudesse ser vestida novamente. Ou por respeito a West ou porque o personagem havia sido esculhambado a ponto de ninguém querer arriscar dinheiro em outra adaptação. Mas em 1989, o diretor Tim Burton entregou o papel a um estranho Michael Keaton. Foi um tremendo sucesso, mas quem roubou a cena foi o Coringa de Jack Nicholson. No final, Keaton voltou para “Batman Returns” (1992), com Michelle Pfeiffer como a Mulher Gato.
Fora da disputa por não atingirem o índice olímpico, os filmes do diretor Joel Schumacher com Val Kilmer, “Batman Forever” (1995), e George Clooney, “Batman & Robin” (1997), são bem ruins. O segundo é ligeiramente pior por conta do uniforme com mamilos.
Meio reboot, meio sequência, “Superman Returns” (2006) foi cercado de expectativas por trazer o badalado diretor Bryan Singer, que havia feito dois filmes dos X-Men de muito sucesso. Mas um roteiro fraquíssimo e um elenco pouco inspirado, desde o Luthor sem sal de Kevin Spacey até o Superman mais sem carisma da história, Brandon Routh, nada funciona.
Os filmes do diretor Christopher Nolan, por outro lado, recuperaram definitivamente o nome do Homem Morcego para o mercado cinematográfico. Considerado pesado e pretensioso por muitos, “Batman Begins” (2005) transformou o ator Christian Bale em Batman para toda uma nova geração. “The Dark Knight” (2008) conseguiu a proeza de ultrapassar a barreira dos filmes de super-heróis e foi aclamado apenas por ser um bom filme, com uma atuação impressionante do ator Heath Ledger, morto logo após as filmagens. The Dark Knight Rises (2010) não tem o mesmo vigor, mas fecha a trilogia com dignidade.
Tom Welling (Superboy) X David Mazouz (Bruce Wayne)
Não, não vamos falar de Gotham ou de Smallville. Já existe bastante maldade nesse mundo.
“Man of Steel” (2013), com o inglês Henry Cavill, é definitivamente um reboot já dentro dos planos do Multiverso da DC. O filme não foi um estrondo, mas também não fez ninguém passar vergonha. Muita destruição e CGI de primeira, mas um roteiro preguiçoso e arrastado.
Ben Affleck ainda não merece nota. Vamos ter que esperar para ver como se sai em Batman VS Superman.
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