Bad Boys Para Sempre é uma agradável surpresa

Pouca gente apostaria suas fichas de que seria possível realizar um terceiro “Bad Boys”. Muito menos que ele poderia ser um sucesso. Mas, contrariando todas as expectativas possíveis, “Bad Boys Para Sempre” surpreende pela maturidade dos seus dois astros, acerta em cheio na mistura ‘ação e comédia’ e vai agradar não somente aos fãs da série, mas também todos os apreciadores desse gênero.

Lançado em 1995, “Bad Boys” apostava suas fichas em duas estrelas em ascensão. Martin Lawrence estrelava seu show “Martin”, enquanto Will Smith brilhava em The Fresh Prince of Bel-Air, mais conhecido no Brasil como Um Maluco no Pedaço. O tiro foi certeiro. Com um orçamento de US$ 19 milhões, o filme dirigido pelo explosivo Michael Bay faturou US$ 141,4 milhões e catapultou Smith ao estrelato. Lawrence não teve tanta sorte e acabou fracassando no cinema. Seu único sucesso foi a trilogia Vovó… Zona (se é que podemos chamar isso de sucesso), enquanto Bay seguiu sua carreira com excesso de explosões e falta de qualidade.

Em 2003, o trio voltou para uma continuação. Empolgados com o sucesso, receberam um orçamento bem maior (US$ 130 milhões) para a realização de “Bad Boys II”. O filme foi uma decepção e faturou apenas US$ 273 milhões. A culpa aqui é do excesso. Piadas demais, explosões demais, tiroteios demais, perseguições demais, egos demais transformam a produção em uma aventura cansativa e difícil de assistir.

O declínio das carreiras de Smith e Lawrence, somado ao frescor de novos diretores (Adil El Arbi e Bilall Fallah), um roteiro afiado e sem excessos, além do timing perfeito dos veteranos atores conseguiram tirar a franquia das cinzas e surpreender com um filme agradável, divertido, empolgante e emocionante, que faz frente com os melhores do gênero.

Em Bad Boys Para Sempre, Marcus Burnett (Lawrence) lida com a crise da meia idade e pensa seriamente em se aposentar, enquanto Mike Lowrey (Smith) se recusa a envelhecer e quer continuar com a vida de policial durão. Enquanto isso, a fugitiva Isabel Aretas (Kate del Castillo) e seu filho, Armando (Jacob Scipio), buscam vingança contra todos aqueles que prenderam o já falecido patriarca da família, sendo que um deles é o próprio Mike.

Respeitando a idade dos protagonistas e dos personagens, Bad Boys Para Sempre acerta em puxar (um pouco só) o freio na ação e focar mais na relação entre Mike e Marcus, lembrando em muito a relação entre Martin Riggs (Mel Gibson) e Roger Murtaugh (Danny Glover) na franquia “Máquina Mortífera”. Smith e Lawrence ficaram melhores com o passar dos anos e agora que deixaram a testosterona de lado, agradam nas cenas cômicas e conseguem atuar de maneira convincente nas cenas dramáticas. Certamente o tempo e os recentes fracassos fizeram muito bem aos eternos Bad – e já não mais – Boys.

BAD BOYS PARA SEMPRE

FICHA TÉCNICA

Bad Boys Para Sempre (Bad Boys For Life) – EUA, 2020
Direção: Adil El Arbi, Bilall Fallah
Roteiro: Chris Bremner, Peter Craig, Joe Carnahan
Elenco: Will Smith, Martin Lawrence, Vanessa Hudgens, Alexander Ludwig, Charles Melton, Paola Nuñez, Kate del Castillo, Nicky Jam, Joe Pantoliano, Jacob Scipio, Theresa Randle, DJ Khaled, Happy Anderson, Bianca Bethune, Dennis McDonald
Duração: 124min.

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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