Assassin’s Creed | Crítica do filme

Um roteiro bagunçado e previsível, uma história confusa e cansativa, personagens rasos e vazios, diálogos medonhos e cheio de clichês, cenas de ação e efeitos muito bem feitos. Esse é o resumo de Assassin’s Creed, filme baseado na série de jogos da Ubisoft que, infelizmente, é mais uma péssima adaptação do mundo dos games para o cinema.

O grande defeito de Assassin’s Creed é não saber qual público ele quer atingir. Se os fãs da franquia de games ou se o público em geral que tenha o mínimo ou nenhum conhecimento sobre o jogo e seus personagens. Ele falha miseravelmente em ambos, pois quer colocar praticamente tudo o que se tem no jogo (que é longo) num filme de apenas duas horas e acelera demais a trama sem se aprofundar nos personagens ou em sua história.

Um exemplo dessa falta de profundidade de Assassin’s Creed é a história do seu protagonista. O filme começa com o famoso texto explicativo que detalha para os leigos a guerra entre Templários e Assassinos, além da louca obsessão de ambos pela Maçã do Éden. Na sequencia,estamos em 1492, presenciando o ritual de iniciação de Aguilar (Michael Fassbender) no Credo dos Assassinos e depois pulamos para 1986 para conhecer o seu descendente Callum Lynch, ainda um garoto, fugindo após o assassinato de sua mãe. Já adulto, ele aparece em uma prisão de segurança máxima onde receberá a sua sentença de morte, mas é resgatado por cientistas interessados em seu passado.

Totalmente centrado em Fassbender, o filme desperdiça atores como Marion Cotillard, Jeremy Irons, Michael Kenneth Williams, Charlotte Rampling e Brendan Gleeson colocando-os na pele de personagens insossos, que abrem a boca apenas para soltar frases repletas de clichês, acrescentando muito pouco à fraquíssima trama.

Claro que a parte técnica é um show a parte. Os efeitos visuais de Assassin’s Creed praticamente reproduzem os movimentos dos jogos e as cenas da Inquisição Espanhola são deslumbrantes. Mas tirando isso, o filme pouco oferece. Você sairá do cinema sem conseguir recordar o nome de pelo menos um aliado de Aguilar/Callum Lynch e, se não conhecer o jogo, ficará sem entender o motivo daquela águia sobrevoar os cenários do filme.

Uma pena ver que um jogo como Assassin’s Creed tenha recebido essa adaptação pobre, sem alma e sem graça. Seria bom se os executivos de Hollywood entendessem que games complexos e com histórias longas não tenham condições de receberem boas adaptações cinematográficas. Mas, enquanto eles lucrarem com obras pobres como essa, infelizmente, continuarão a fazer mais filmes ruins baseados em jogos. Uncharted é a próxima vítima dessa ganância.

Assassin’s Creed
Direção: Justin Kurzel
Roteiro: Michael Lesslie e Adam Cooper
Elenco: Michael Fassbender, Marion Cotillard, Jeremy Irons, Michael Kenneth Williams, Charlotte Rampling e Brendan Gleeson
Duração: 115 minutos

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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