Westworld S03E01 | Parce Domine

Estamos longe dos parques da Delos, estamos longe do presente que conhecemos e tão pouco do futuro pós-apocalíptico que estamos caminhando com ou sem consequências do coronavirus ou qualquer outra catástrofe ambiental que possa nos devastar mais para frente. Em “Parce Dome”, episódio que abre a terceira temporada de Westworld, estamos 2052, meses após os acontecimentos finais da segunda temporada a série. A vida é bela, a paisagem, maravilhosa, a humanidade caminha bem, a tecnologia auxilia os humanos, temos parques, prédios deslumbrantes, carros, motos e armas potentes e tudo caminha na perfeita ordem, mas sempre tem um porém.

E a pessoa que nos coloca uma pulga atrás da orelha por trás dessa maravilha tecnológica em que inteligência artificial fazem escolhas fáceis por nós e que estamos mais conectados com máquinas ao invés de nós mesmos é Caleb Nichols (Aaron Paul). O personagem é, ao que parece, um ex-soldado que perdeu um companheiro em batalha, não se sabe ainda o nível de relacionamento entre eles, qual guerra lutavam ou quem ou o que matou seu parceiro.

Ele faz parte da classe trabalhadora do futuro, que desfruta da tecnologia, mas que não se adepta muito bem a essa nova ordem das coisas, No fundo ele detesta tecnologia, mas precisa dela para sobreviver. Mais ou menos como o personagem Del Spooner, interpretado por Will Smith em “Eu, Robô”, em 2004.


Embora Parce Dome seja um tradicional episódio de apresentação de novos nomes e posicionamento de velhos rostos conhecidos, ele já dá sinais de que a temporada será linear, como prometeram os showrunners Jonathan Nolan e Lisa Joy, com muita ação, reviravoltas e tramas e sub-tramas muito bem elaboradas, complexas e nada previsíveis.

Nolan e Joy seguem uma ideia, que embora não seja original, ela é primorosa. Usar a tecnologia para criticar os avanços tecnológicos da humanidade. O artifício é usado com maestria por James Cameron, que conseguiu êxito neste assunto em diversos seus filmes, como: “O Exterminador do Futuro”(1984) e suas sequencias, “Aliens, O Resgate (1986), “O Segredo do Abismo” 1989 e “Avatar” 2009.

O fato da técnica ser de certo modo antiga e criada por outra mente, isso não impede que Nolan e Joy desfrutem dela e façam um trabalho original usando essa mesma premissa. Se nas outras temporadas, os humanos usavam os parques, os anfitriões e a tecnologia a seu favor, onde poderiam escolher aquilo que realmente desejavam, nesta temporada o efeito é ao contrário.

Sabemos que a Delos recolhia dados e segredos dos seus visitantes e que agora alguém obtem essas informações. É provável que a empresa Incite, uma inteligência artificial futurista tenha obtido esses dados ou comprado o que restou da Delos para criar esse sistema utilizado no futuro onde os humanos não precisam se preocupar com as pequenas escolhas, pois elas conseguem decidir por eles.

Importante ressaltar que esses dados não são exclusivos da Delos ou da Incite. Dolores (Evan Rachel Wood), que voltou ao seu corpo “natural” possui as mesmas informações, já que elas eram gravados na “pérola” que ficava em seu pai, Peter Abernathy (Louis Herthum), e que após a morte dele, a joia, junta com outras quatro, estão em suas mãos.

Dolores, aliás, segue implacável e com apenas uma missão em mente: exterminar os humanos e destinar o mundo para os “novos deuses”, como ela chama os sintéticos anfitriões que adquiriram consciência.

A interpretação de Evan Rachel Wood é o grande destaque de Parce Dome. Sedutora, encantadora, charmosa quando precisa ser. Robótica, fria, cruel e extremante forte quando ela quer. Em apenas um episodio ela mostra como seu personagem cresceu e consegue se adaptar a nova realidade com facilidade.

Inclusive em algo que pode, de certa forma, mudar a sua trajetória no meio do caminho. Ela, como se sabe muito bem, repudia e odeia a humanidade por conhecer apenas o lado podres dos homens. Caleb pode ser um novo ponto de referência para a antiga anfitriã, já que ele não se adapta com essa nova mentalidade e isso pode fazer com que a sua relação com a humanidade se altere um pouco. Afinal de contas, nem todos os homens são iguais.

Ainda sabemos pouco sobre Charlotte Hale (Tessa Thompson) – e qual pérola comanda o seu corpo – e também sobre Bernard Love (Jeffrey Wright) e Maeve Millay (Thandie Newton). Esta última, aliás, tem uma cena pós-crédito que vai fazer a cabeça de muita gente explodir.

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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