Embora tenha sido muito melhor que o anterior e com uma cena final eletrizante, Down Will Come, quarto episódio da segunda temporada de True Detective, exibido nesse domingo pela HBO Brasil, seguiu o ritmo sonolento desse ano da série e deu mais um sinal de que o programa perdeu o fôlego.
Claro que eu não imaginava algo tão impactante quanto o primeiro ano de True Detective, mas esperava que o padrão de qualidade fosse mantido. O único acerto dessa temporada até agora foi apostar em uma dupla de protagonistas formada por atores desacreditados: Colin Farrell e, principalmente, Vince Vaughn. Este último, aliás, é o grande destaque de Down Will Come e da série como um todo. Seu personagem, Frank Seymon, é o único que cresce em True Detective enquanto os demais permanecem estagnados numa mesmice sonolenta.
A investigação da morte de Ben Caspere segue caminhando lentamente. Apesar do ritmo vagaroso, o caso ganha ares interessantes ao envolver cada vez mais o prefeito do distrito de Vinci, Austin Chessani (Ritchie Coster), o psiquiatra de Casper, Irving Pitlor (vivido pelo cantor Rick Springfield – irreconhecível no papel) e a estranha seita religiosa comandada por Eliot Bezzerides (David Morse) – pai da investigadora Ani Bezzerides (Rachel McAdams) – que tanto o prefeito, quanto o psiquiatra e a vítima frequentaram décadas atrás.
O principal destaque de Down Will Come foi, sem sombra de dúvidas, Frank Seymor, que vai se tornando o personagem mais interessante da série. Claro que ele ainda segue investigando o caso ao lado de Ray Velcoro (Farrell), mas enquanto não sabe quem levou o seu dinheiro, ele volta às ruas e pretende se recuperar do golpe o quanto antes. Seja vendendo drogas em consignação no seu clube noturno, extorquindo ex-parceiros de negócios ou derrubando quem bloqueia o seu caminho.
Outra história que se arrasta na trama de True Detective é a do policial Paul Woodrugh (Taylor Kitsch). Além da homossexualiade enrustida do personagem, a história sobre o que aconteceu no deserto quando ele era militar começa a ser desenterrada pela imprensa. O caso parece envolver algum crime de guerra enquanto ele era um dos envolvidos na proteção de um certo vilarejo. E agora a sua vida já conturbada promete ficar ainda mais doida com a chegada de um filho inesperado e o seu futuro casamento com a namorada grávida.
E quando tudo parecia caminhar para um final sonolento, eis que uma batida policial liderada por Ani para prender o principal suspeito do assassinato de Caspere se torna uma carnificina épica. Ao invés de esperar o suspeito sair da toca, a policial resolve invadir o prédio onde provavelmente ele está cozinhando meta-anfetamina e outras drogas. Ao perceber a movimentação, os bandidos entram em ação e promovem um tiroteiro espetacular, culminando no assassinato de civis, policiais e bandidos. E se a vida profissional de Ani estava ruim por causa de um processo de assédio sexual movido pelo seu subalterno com quem ela mantinha relações sexuais, ela tende a piorar muito após essa decisão desastrosa que culminou na morte de várias pessoas.
Down Will Come deixou um ótimo gancho para a metade final de True Detective. Resta saber se os produtores saberão aproveitar esse gancho ou se eles simplesmente desperdiçarão, como fizeram com o final do segundo capítulo, quando Velcoro recebeu aqueles tiros. Só faltam quatro capítulos para a segunda temporada terminar. Não há mais tempo e espaço para enrolação. Torço para que a série pare de se arrastar e comece a caminhar a passos largos.