“The Bells” é um dos mais belos e tristes episódios de Game of Thrones

Espécie de tradição de Game of Thrones, o penúltimo episódio de cada temporada é sempre o mais impactante do ano. Com The Bells, isso não poderia ser diferente. Mortes impactantes, reviravoltas no roteiro e um desfecho surpreendente marcaram este que é um dos mais belos e tristes capítulos da série que chega ao fim no próximo domingo, dia 19 de abril.

Apesar de esperada desde a primeira temporada, foi triste presenciar a morte de Lorde Varys. Era previsível porque o Aranha sempre mudava de lado quando se sentia ameaçado. E numa ora ou outra era óbvio que um dos traídos se vingaria. E vê-lo sendo queimado vivo por Drogon após ser acusado de traição por Daenerys, foi de partir o coração. Resta saber qual será o efeito das cartas enviadas por ele, revelando que Jon Snow é o verdadeiro herdeiro do Trono de Ferro. O Eunuco era um traidor, mas sabia se prevenir.

Outro belo momento de The Bells foi o último encontro entre Tyrion e Jaime. Com o anão retribuindo o favor, quando o Regicida o soltou após ser julgado culpado pelo assassinato de Joffrey. A conversa entre os dois foi emocionante, principalmente quando o pequeno Lannister revela o motivo pelo qual ajuda o irmão: “se não fosse por você, eu não teria sobrevivido à minha infância. Você foi o único que nunca me tratou como um monstro”. Além disso, o conselheiro de Daenerys ainda acreditava numa rendição pacífica da irmã Cersei e uma vitória tranquila da nascida na Tormenta. Mas, infelizmente, o pior estava por vir.

Se sentindo traída, desiludida e sem esperança de chegar ao trono pelos braços do povo ou até mesmo assumir ao trono, já que o verdadeiro herdeiro é o seu sobrinho, Daenerys sucumbe à mesma loucura que acometeu seus antepassados e parte pra cima de Porto Real. E o resultado é nada menos do que chocante. Sem dó nem piedade, montada em Drogon, ela destrói a frota de Euron Greyjoy, os escorpiões da Fortaleza Vermelha, dizima boa parte do exército Lannister e praticamente toda a população de Porto Real.

Ao contrário do que muitos pensam, a loucura de Daenerys não apareceu da noite para o dia. O seu lado vingativo, intempestivo e implacável é mostrado de maneira explícita desde a primeira temporada de Game of Thrones. Além disso, já tivemos visões e profecias que mostravam o Trono de Ferro coberto de cinzas e a sombra de Drogon sobrevoando Porto Real antes da destruição. Resumindo, em The Bells a Mãe dos Dragões apenas perde a batalha contra a sua insanidade, que ela lutava há muito tempo.

Na primeira temporada de Game of Thrones, Daenerys não se importa quando seu irmão Viserys é morto “coroado” com ouro derretido por Khal Drogo. Ela não pensa duas vezes antes de mandar Mirri Maz Duur ser queimada na pira, após essa acelerar a morte do seu esposo.  No segundo ano da série, ela quase perde seus filhotes para Pyat Pree, mas consegue salvá-los e manda os bichos cuspirem fogo no bruxo. O mesmo destino tem Kraznys mo Nakloz na terceira temporada que ao trocar o seu exército de Imaculados por Drogon ainda em fase de crescimento e não conseguir domá-lo. Em Meereen, lutando para libertar os escravos, entrega um dos líderes das grandes famílias da região para ser queimado e devorado por Viserion e Rhaegal. Na sexta temporada, queima os khals Dothrakis, monta em Drogon para incendiar a frota na baía ao lado de Rhaegal e Viserion e mata os mestres em Meeren. Na sétima temporada, manda Drogon cuspir fogo em Randyll e Dickon Tarlly (pai e irmão de Sam) por se recusarem a drobrar o joelho por ela. Ou seja, durante toda a série Daenerys levou ao pé da letra o lema de sua casa: Fogo e Sangue. Adiciona a loucura a esse temperamento, o resultado é exatamente o que vimos em The Bells.

São exageradas também as reações negativas pela desistência da vingança de Arya. Embora Cersei fizesse parte da lista negra da caçula Stark, que jurou vingança em matar todos que foram responsáveis pela morte do seu pai, a rainha foi apenas mais uma que não foi morta pelas mãos da garota. De todos os envolvidos na decapitação de Ned Stark, apenas Walder Frey e seus filhos inúteis foram vitimas fatais dela. Muitos reclamam dela ter desistido da vingança depois de tudo o que passou e, principalmente, após entrar na Fortaleza Vermelha. Mas vamos combinar? Insano seria ela ter continuado a buscar Cersei lá dentro enquanto o teto literalmente desabava sobre sua cabeça. A jornada só tinha sentido mesmo para o Cão, que não tinha mais nada na vida, a não ser o ódio e a necessidade de matar o irmão, Montanha. Aliás, o duelo entre os irmãos Clegane foi outro grande destaque positivo de The Bells.

Se tem algo que pode ser considerada uma decepção foi a morte de Cersei e Jaime Lannister. Tudo bem que fazer com que ela seja soterrada pelos escombros da Fortaleza Vermelha seja uma boa ideia por ela se recusar a sair de lá, mas morrer abraçadinha ao lado do seu irmão amante foi bem frustrante.

Vale a pena destacar também a beleza da fotografia e das cenas em que Drogon incendeia Porto Real e seus habitantes. São cenas tristes, belas, chocantes e aterrorizantes, que fazem com que seus aliados, principalmente Jon Snow e Arya Stark, tenham motivos suficientes para mudar de lado e evitar uma nova tirania Targaryen. Capaz de um dos dois acabe com Daenerys no último capítulo.

Mesmo faltando apenas um episódio para o fim de Game of Thrones e com um número pequeno de postulantes ao trono, ainda é difícil prever o que de fato acontecerá. No domingo, enfim, saberemos como terminará As Crônicas de Gelo e Fogo.

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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