Muita gente desdenha quando classificam xadrez como esporte. Antes de mais nada, ele é. E, além disso, é um dos mais brutais e cansativos, pois exige um considerável esforço físico e um esforço mental absurdo para duelar durante horas contra um oponente. O Gambito da Rainha, minissérie em cartaz na Netflix, mostra isso e vai além. Trata de feminismo, dependência química, superação, amor e descobertas.
Com uma produção impecável, narrativa muito bem construída, ótimo roteiro, bem como um elenco muito bem escolhido. O Gambito da Rainha tem ainda um grande trunfo: uma estrela. Anya Taylor-Joy, que apareceu para o grande público no fantástico A Bruxa, brilha em cada minuto em cena, seja em momentos intensos, dóceis, bem como nos dramáticos e mais pesados. Uma atuação consagrante.
Sinopse
Nos anos 1950, a jovem Elizabeth Harmon (Isla Johnston) sobrevive a um acidente de carro que vitimou sua mãe. Sem parentes, acaba em um orfanato. Lá descobre o xadrez graças ao zelador Mr. Shaibel (Bill Camp) e o vício em ‘vitaminas’ dadas pelos administradores do local para relaxar as crianças. Depois de anos no internato, ela acaba sendo adotada por um casal e leva consigo o amor pelo xadrez e o vício em calmantes para o novo lar.
Rejeitada pelo pai adotivo e pelos novos amigos, Elizabeth encontra conforto somente no esporte que aprendeu a amar desde cedo. E justamente no xadrez ela encontra o seu alívio, bem como o sofrimento, principalmente por ficar obcecada pela vitória e sacrificando a sua vida, como os enxadristas sacrificam suas peças, para derrotar seus oponentes.
Feminismo
A produção acerta em cheio ao escolher uma protagonista feminina em um esporte tipicamente masculino e ainda mais na década de 1960, quando Elizabeth já é uma jovem adulta. A personagem é submetida desde criança a uma série de preconceitos típicos de uma sociedade machista que a trata com desdém quando ela começa a se interessar cada vez mais pelo xadrez.
Além disso, O Gambito da Rainha acerta principalmente ao expor as falhas humanas de Elizabeth e trata a personagem como um ser humano que, embora tenha um talento extraordinário, tem suas dificuldades como qualquer pessoa normal.
Sem pressa, O Gambito da Rainha é, a saber, como uma partida intensa de xadrez. Posiciona as peças no tabuleiro, avança na trama com cuidado, até chegar no ápice e, enfim, dar o xeque-mate. Por fim, ela só peca mesmo na sua conclusão. Além de ser meio óbvia e previsível, ela tem um patriotismo exagerado, apesar de não ser imbecil como o de Rocky IV, é desnecessário, bem como raso e descartável.
O Gambito da Rainha
Ficha técnica
Título original: The Queen’s Gambit
Ano de produção: 2020
Estreia: 23 de outubro de 2020
Criador e diretor: Scott Frank
Elenco: Anya Taylor-Joy, Chloe Pirrie, Bill Camp, Matthew Dennis Lewis, Russell Dennis Lewis, Marielle Heller, Marcin Dorocinski, Jacob Fortune-Lloyd, Dolores Carbonari, Thomas Brodie-Sangster, Moses Ingram, Harry Melling, Isla Johnston, Janina Elkin, Christiane Seidel, Patrick Kennedy, Akemnji Ndifornyen
País: Estados Unidos
Idioma: Inglês
Gênero: Drama
Indicação etária: 16 anos
Onde assistir: Netflix
[…] LEIA TAMBÉM: O Gambito da Rainha é muito mais do que xadrez […]
[…] LEIA TAMBÉM: O Gambito da Rainha é muito mais do que xadrez […]
[…] de mais nada, O Gambito da Rainha é a série mais assistida da história da Netflix. Sem grande alarde, ela chegou timidamente no […]