‘Megan’ justifica o hype e critica a indústria de brinquedos

Gemma (Alisson Williams) é uma incrível roboticista de uma empresa de brinquedos que usa inteligência artificial para desenvolver Megan (Amie Donalds, Jenna Davids) uma boneca realista programada para ser a maior companheira de uma criança se tornando praticamente insubstituível.

Depois de inesperadamente ganhar a custódia de sua sobrinha órfã Caty (Violet Mcgraw), Gemma utiliza um protótipo de Megan para cuidar da menina. Porém, por ser um protótipo da boneca ainda não aprendeu a diferenciar o que é bom do que não é.

Megan

Blumhouse

O filme tem a direção de Gerard Johnstone, e é uma produção da famosa Blumhouse. Ele conta também com o nome de peso na produção de James Wan ( Invocação do Mal, Maligno, Jogos Mortais) e utilizou forte as redes sociais para a divulgação de sua personagem principal apostando em “dancinhas virais” para que o próprio público automaticamente divulgasse o filme. Isso deu muito certo, tanto que o filme inclusive teve que ter cenas retiradas para poder diminuir a classificação etária de 16 para 13 anos podendo assim atingir um maior público.

Megan pode ser considerado um fruto de seu tempo. Um sucesso geracional de uma lacuna deixada por personagens icônicos do terror (no caso bonecos) que fazem sucesso desde muito tempo. Destaque maior para Chucky nos anos 90 e Annabelle nos anos 2000. Afinal, ambos já estavam defasados com continuações de qualidade altamente questionável.

Temas complexos

Mas é importante salientar que Megan apesar do marketing vendendo como um simples filme de terror de uma boneca assassina, consegue ter camadas ainda mais profundas. Ele aborda temas muito mais complexos como relações familiares. Principalmente os prós e os contras da utilização da tecnologia e até mesmo a superação do luto.

E tudo isso feito de uma maneira muito fluída e com foco no desenvolvimento no trio principal (a tia, a sobrinha e a Megan, pois sim aqui a boneca também tem seu desenvolvimento como personagem). O modo como é colocado como os costumes mudam conforme o tempo passa, e que hoje brinquedos que divertiam podem se tornar apenas itens de colecionadores que nunca serão abertos da caixa e serem usados pelo propósito inicial que seria a diversão.

Megan

Crítica

A crítica a indústria de brinquedos que só visa lucro e não bem estar é feita de maneira muito sucinta e inteligente. Através de boas pitadas de humor, o filme consegue utilizar bem seus personagens coadjuvantes para fazer piadas no tempo certo e as vezes em situações onde menos se espera. O melhor é que ele não perde o foco, contando até mesmo com uma cena em que Megan canta que consegue quebrar o gelo de uma maneira inacreditável.

O primeiro ato do filme é o mais longo. Mas isso faz total sentido, pois ele estabelece muito bem os acontecimentos. Como o mundo daquelas pessoas mudou drasticamente e quais são as regras e as vantagens que Megan possui. Tudo isso para construir aos poucos essa sua outra persona mais maldosa que vai aos poucos dando indícios no melhor estilo de que ninguém acredita que uma boneca poderia fazer aquilo então a culpa vai cair sobre outra pessoa.

Ao mesmo tempo, ele dá várias dicas que vão culminar em situações no seu desenvolvimento e, principalmente, no seu último ato, onde vários elementos agora já conhecidos pelo telespectador tem mais serventia e quando acontecem são extremamente familiares causando quase que uma sensação de recompensa ao final de seus pouco mais de 100 minutos.

Fenômeno

Megan já pode ser considerado um fenômeno e faz jus por onde. Ele consegue cumprir tudo aquilo que se compromete, sabe onde e como quer chegar com um ótimo desenvolvimento. Ele apresenta personagens fáceis de memorizar e ter empatia. Até mesmo pela vilã, um ponto que aos mais atentos pode tirar um pouco da imersão é o fato do filme ter sofrido cortes para uma classificação mais baixa, e em alguns momentos onde visivelmente teria mais tensão fica tudo mais subjetivo para minimizar o impacto.

Um filme que nos mostra claramente a importância de amar pessoas e utilizar objetos e nunca inverter essa ordem, que a importância da empatia e da atenção superam qualquer objeto eletrônico e ainda consegue dizer tudo isso de uma maneira tranquila sem querer impor novas regras sócias e divertindo quem está procurando um ótimo filme que mesmo ainda no começo do ano já desponta como um dos mais agradáveis e simpáticos com toda certeza.

Nota: 8

Trailer – Megan

Ficha técnica

Título original: M3gan
Direção: Gerard Johnstone
Roteiro: Akela Cooper, James Wan
Elenco:
Allison Williams, Violet McGraw, Ronny Chieng, Amie Donald, Jenna Davis, Brian Jordan Alvarez
Data de estreia: 19 de janeiro de 2023
Onde assistir: somente nos cinemas
Duração:
102 minutos
País: Estados Unidos, Nova Zelândia
Gênero: thriller, terror, ficção-científica
Ano: 2022
Classificação: 14 anos

Don Florentino

Crítico, Nerd, Gamer que sabe que a verdade está lá fora. Viciado em séries, cinema e cultura pop em geral. Diretor de dois curtas metragens mas que hoje prefere atuar nos bastidores. Sonha em um dia visitar Hogwarts e o Condado e deseja que a força esteja sempre com você.

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