Episódio mais longo da série, roteiro afiado, grandes atuações, ótimos diálogos e um final chocante. Assim foi The Dragon and the Wolf, capítulo que fechou com chave de ouro a sétima temporada e colocou Game of Thrones no seleto grupo dos melhores seriados de todos os tempos.
Uma das coisas mais interessantes de Game of Thrones é que seu rico material permite que alguns recortes sejam feitos, permitindo focar alguns capítulos em determinadas situações, mesmo que sejam um ‘season finale’, como The Dragon and the Wolf. Embora o foco principal do episódio seja a união dos inimigos para a luta contra um mal maior, os produtores decidiram (e foram excepcionais) costurar este assunto no meio de verdadeiros embates e reconciliações entre irmãos.
O principal embate foi entre os irmãos da Casa Lannister, principalmente o primeiro encontro entre Tyrion e Cersei após os eventos que a fizeram colocar a cabeça do anão a prêmio. Interessante como ela é um dos personagens mais complexos da série e sempre quando achamos que estamos entendendo como a cabeça dela funciona, ela nos surpreende com alguma revelação. No caso, aqui, foi ela explicar ao irmão caçula que a mágoa com Tyrion não é pelo fato dele ter assassinado o próprio pai. Ela mesma não gostava de Tywin Lannister. O que a deixou revoltada foi que, ao matar o pai, o anão expôs a casa e mostrou aos outros reinos a fragilidade dos Leões.
na sequencia, Cersei conseguiu afastar Jaime, o grande amor de sua vida e o único que ainda lutava por ela e não pelo seu reinado. Presa ao pensamento único de vencer a Guerra dos Tronos, ela acabou jogando algumas verdades na cara do irmão gêmeo e acabou se isolando ainda mais, forçando Jaime a rumar sozinho ao Norte para combater os White Walkers e dando brecha para uma reconciliação entre ele e Tyrion.
Discreto, mas importante, o reencontro entre Sandor e Gregor Clegane foi suficiente para mostrar que o Cão de Caça e a Montanha que Cavalga ainda têm muitas contas a acertar e é bem provável que a vida de um encontrará seu fim nas mãos do outro.
Outro belo momento de The Dragon and the Wolf foi a redenção de Theon Greyjoy, principalmente o diálogo entre ele e Jon Snow, onde ele pediu perdão pelos crimes cometidos contra os Stark e a mágoa que o Rei do Norte tinha com ele, principalmente por sempre ter sido tratado como um qualquer, enquanto Greyjoy era criado praticamente como um membro da família de Ned. O reencontro entre ele e a irmã só irá acontecer mesmo na última temporada. Resta saber se ele conseguirá livrar Yara das mãos de Euron para, enfim, conseguir a redenção que tanto procura.
Enquanto alguns irmãos tiveram conflitos acirrados, as irmãs de Winterfell resolveram suas pendências da melhor maneira possível. Como esperado, Arya e Sansa armaram para desmascarar Mindinho. Juntas, expuseram seus crimes, julgaram condenaram e coube a caçula executar este que é um dos maiores vilões e manipuladores de toda a série. E como também era previsível, Bran teve seu papel nessa missão ao usar suas visões para expor todas as traições que Petyr Balish cometeu contra os Stark. Cada vez mais unidas, as irmãs possuem uma nova relação, coisa que nunca tiveram. Nem mesmo quando viviam pacificamente no Norte, antes de Ned ser convidado para ser a Mão do Rei. Um dado curioso que poucos notaram em relação aos cabelos das irmãs. Se por um lado o penteado de Sansa nos faz lembrar de Cersei nas primeiras temporadas, o novo visual de Arya é idêntico ao de seu pai.
Por falar em primeiras temporadas, o final de The Dragon and the Wolf nos remete diretamente ao primeiro capítulo da série, mais precisamente sobre o nome do episódio e que é dito frequentemente pelos Stark: Winter is coming. O inverno chegou. E não apenas no Norte. A cena dos primeiros flocos de neve caindo em Jaime mostra que ele já está no sul e vai tomar conta de Westeros que, aliás, já tem o seu novo rei por direito.
A última cena de The Dragon and the Wolf foi outro momento muito aguardado pelos fãs de Game of Thrones, embora já fosse previsível que o Rei da Noite destruiria parte da Muralha com o Viserion Zumbi. Sem a gigantesca barreira os mortos avançam para aquela que deve ser a grande batalha de Westeros. Agora é esperar para o grande fim.
A grande especulação: Jon Snow é Azor Ahai
Embora não tenha sido impactante, pois já era esperada a revelação de que Jon Snow é o herdeiro do Trono de Ferro, pois é filho legítimo de Rhaegar Targaryen com Lyanna Stark, um detalhe da cena entre Bran e Sam pode ter revelado algo impactante: Jon Snow é o “príncipe que foi prometido”, ou seja, ele é a reencarnação de Azor Ahai – o herói que viveu há mais de 8 mil anos e que derrotou os Outros empunhando a Luminífera.
Na visão de Bran, ouvimos Lyanna em seu leito de morte falando o nome do seu filho: Aegon Targaryen. Segundo a profecia de Asshai, Azor Ahai renascerá como o “príncipe que foi prometido” para desafiar os Outros, empunhando a Luminífera mais uma vez e que se ele for derrotado, o mundo perecerá junto com ele. Em uma das visões de Daenerys na “Casa dos Imortais”, é mencionada a “canção de gelo e fogo”. Ela vê seu irmão mais velho, Rhaegar, com a esposa e o escuta dizer que seu filho, Aegon, é o “Príncipe que foi prometido”. Até então, imaginávamos que a visão era sobre ele e Elia Martell, mas agora, com a revelação do verdadeiro nome de Jon Snow, é bem provável que Daenerys tenha visto o seu sobrinho, ainda bebê, nos braços do seu irmão. E o nome da música pode confirmar essa tese, afinal de contas, o Rei do Norte é fruto do gelo (Lyanna Stark) com o fogo (Rhaegar Targaryen).