O que eu mais gosto em Game of Thrones é que ela não respeita nem um pouco o ritmo do atual mercado das séries e demais produções de cultura pop. Se o grande público quer ver cada vez mais tramas em ritmo alucinante como um jogo de vídeo game, a produção da HBO faz o inverso. Cria seu próprio ritmo, entende que cada temporada é uma espécie de um filme de 10 horas e se preocupa em construir uma grande base para chegar ao grande final. E por causa disso é capaz de entregar belos episódios como The Gift, o sétimo desse quinto ano do show.
Em The Gift, a tensão aumenta cada vez mais nos dois núcleos principais da série, Porto Real e o Norte (Winterfell e Muralha), dá uma bela esfriada em Dorne (que nos livros não passa de uma trama arrastada e desnecessária) e ultrapassa a obra literária de George R. R. Martin, mostrando um encontro em Meereen inédito até para os leitores da saga.
No Norte, as cenas já mostram aquilo que Ned Stark vinha repetindo no primeiro ano da série. O inverno está chegando. Com ele, a tensão chega à Muralha – que passa por um momento crítico com o seu comandante Jon Snow contrariando seus homens e partindo para encontrar e selar a paz com os Selvagens – e em Winterfell, onde Ramsay aterroriza cada vez mais Sansa Stark e mostra como conseguiu destruir totalmente com a personalidade de Theon “Reek” Greyjoy. No meio desse caminho está Stannis e sua tropa, que não está acostumada com o rigoroso inverno, e, literalmente, morrendo de frio. Com a decisão do “rei” em avançar, a guerra entre os Bolton e os Baratheon está cada vez mais perto.
E quem ganhará com essa guerra? Sempre ele. Mindinho, o melhor participante do jogo dos tronos, que já afirmou várias vezes que é na desgraça que ele ganha. A cada episódio, nova parte do seu plano é revelada e mostra que ele está bem acima das casas que brigam pelo poder. Independente de quem vencer o trono, ele estará bem na fita. Já se arrumou com os Bolton, com os Lannisters (dedurando a homossexualidade de Loras), com os Starks (pelo menos enquanto Sansa aparecer como única herdeira) e agora com os Tyrell, entregando o segredo de Cersei.
E era óbvio que a casa ia cair para a rainha mãe. Ao dar plenos poderes para os fanáticos religiosos de Westeros, ela arma para si mesma já que, dentre eles, está o seu primo Lancel Lannister. Agora convertido, ele entrega os podres de Cersei. Desde o relacionamento íntimo entre eles até o plano que culminou na morte do rei Robert Baratheon. E para piorar ela praticamente destruiu o poder de sua família em Porto Real. Seu filho, o rei Tommen, virou um fantoche, o conselho é uma aberração e ela está presa com os pardais. Quem governará agora os sete reinos? E se Stannis vencer a batalha no norte ficará mais fácil tomar o trono dos leões.
O único obstáculo para Stannis é o justamente o presente (The Gift) que a mãe dos dragões recebeu de Jorah Mormont na arena de gladiadores em Meereen. Com Tyrion Lannister se aliando a Daenerys e seus dragões, a paz estará bem longe de Westeros. O cerco está se fechando cada vez mais, e acredito que em breve teremos uma nova rodada na dança das cadeiras, ou melhor, dos tronos.