A primeira coisa que pensei quando entrei na E3: nuossa! O evento é muito grande. Aliás, tudo é muito grande. Os estandes se dividem em dois halls gigantes e é preciso caminhar por alguns longos minutos para ir de um canto ao outro da feira. E neste vai e vem, deu pra gente conhecer e ver muita coisa bacana, além de falar com pessoas de peso da indústria de games. Vamos lá!
A E3 2016 aconteceu entre os dias 14 e 16 de junho, mas desde o dia 12, a imprensa já estava em peso em Los Angeles para as conferências exclusivas das gigantes Eletronic Arts, Bethesda, XBOX, Ubisoft e Sony, onde são reveladas todas as próximas grandes novidades do mercado de games. Mas essas são exatamente as novidades que todo mundo fica sabendo. O próprio site da E3 disponibiliza o stream das conferências para quem quiser acompanhar ao vivo. A esta altura você já deve ter ouvido falar muito dos próximos lançamentos (e eu também vou falar um pouco deles mais a frente), então vou falar um pouco do que teve de diferente.
Para quem é desenvolvedor, com certeza uma novidade bem bacana veio da Eletronic Arts: o anúncio do programa EA Originals, onde todo o lucro das vendas dos jogos desenvolvidos por estúdios independentes é revertido para os próprios desenvolvedores, para que possam desenvolver mais jogos legais para a gente! O primeiro jogo do EA Originals é o Fe, um jogo sobre a relação do ser humano com a natureza desenvolvido pela Zoink Studio.
Enquanto a massa da mídia se espremia para ver as conferências das grandes, eu e meus colegas decidimos visitar a PC Gaming Show, a conferência voltada unicamente para jogos de PC. Meu destaque especial é para o jogo Mages of Mystralia da Borealys Games! É um RPG onde você controla Zia e a ajuda a controlar e adquirir habilidades de magia. Bem legal para quem curte Torchligh, Diablo, Dungeons and Dragons, Baldur’s Gate e outros!
Como, além de ser um apaixonado por games, eu também sou Game Designer, educador e caçador de conhecimento, tive também uma curiosidade muito grande em saber como a E3 acolhia os estúdios menores, os pequenos desenvolvedores com grandes ideias, afinal este é o público da REDZERO.
Enquanto os estandes da Microsoft, Warner e Square Enix estavam lotados, aproveitei para olhar mais de perto a IndieCade (Indie de independente e cade de Arcade), um espaço totalmente dedicado aos jogos e desenvolvedores independentes. Conhecemos alguns estúdios como a Finji Games, responsável pelo game Night In The Woods (que tem um visual singular que vale a pena conferir!) e Overland. Conhecemos também o pessoal da Deckbound, uma plataforma de card game digital, onde é possível jogar, colecionar e trocar cards, totalmente únicos e on-line, e também a Gaijin, o maior estúdio de games independente da Rússia, responsável pelos jogos Warthunder e Crossout.
É muito bacana ver que um evento do porte da E3, tida como a mais importante do meio de games, também reserva um espaço para os estúdios independentes que estão batalhando por um lugar ao sol e que o caminho para se chegar até ali não é tão inalcançável como a gente costuma pensar.
E para servir de inspiração para essa gente toda, tem é claro os jogos para serem testados, muitos ainda em fase beta. Em geral, é preciso enfrentar uma filinha (ou filona!) para poder jogar alguns minutos, mas no final das contas vale a pena.
E, claro, eu não podia escrever esse texto sem mencionar os jogos que mais gostei da feira, né?! Eu não consegui jogar todos os jogos em exposição, mas, dos que eu joguei ou vi, esses fazem parte do TOP 5 que mais me impressionaram! Vamos lá:
1 – God of War
Não faria sentido não falar de God of War nesse texto, né?! A nova aventura de Kratos, o espartano que desafia Deuses, agora se passa na mitologia nórdica, em um ambiente gélido e muito viking. Agora muito mais velho, Kratos aparece como um pai que tem de ensinar seu filho a sobreviver em um mundo duro e cheio de perigos.
Mesmo sem ter tido a oportunidade de jogar (só havia a exibição de um trailer estendido, nada de jogar!) deu pra ficar super emocionado e muito empolgado! A qualidade é absurdamente alta, mas, até aí, nada pra se surpreender, pois a Santa Mônica Studios está entre os melhores e mais condecorados estúdios de jogos do mundo!
Ver Kratos de volta aos videogames é algo muito legal e esse é um dos jogos mais aguardados pra mim!
2 – The Legend of Zelda: Breath of the Wild
Um dos jogos mais badalados da feira, com certeza, foi o novo The Legend of Zelda, da Nintendo! O novo título teve um dos maiores e mais fantásticos estandes da feira e as filas para jogar duravam até cinco horas!!! Eu, felizmente, não tive de esperar em fila alguma para jogar, graças ao super atendimento da Nintendo que me colocou pra dentro pra jogar o Demo na área dedicada à imprensa (obrigado, Nintendo! :D).
O jogo é muito bonito, mesmo tendo um visual menos impressionante do que os grandes lançamentos do PS4 e do XBOX One, pelo fato de rodar no Wii U, um console com menos poder do que os concorrentes. Mas quem é que liga pra isso quando estamos falando de Zelda, certo? O que importa é a história do jogo e como controlar Link é o máximo!
Cheio de mistérios e novas funções no gameplay, The Legend of Zelda: Breath of the Wild é um jogo que, com certeza, vai honrar o possível fim da vida do Nintendo Wii U, no ano que vem.
3 – Injustice 2
Eu não sou um grande fã de jogos de luta, apesar de ter amado Mortal Kombat Ultimate 3, Fatal Fury e Samurai Showdown, quando criança. Depois desses, os jogos de luta que mais me chamaram atenção sempre foram da série Soul Calibur, que muita gente nem conhece direito… Mas eu não poderia deixar de enaltecer o quanto Injustice 2 é sensacional!
Tive a oportunidade de jogar o “Mortal Kombat da DC” e posso dizer: Essa frase não faz mais sentido! O primeiro Injustice: God Among Us é excelente, mas ainda parece um Mortal Kombat com personagens da DC, o que não é o caso com Injustice 2, que é um jogo super autêntico em que você realmente sente o peso de batalhar com aqueles super-heróis mega poderosos! O jogo é super fluido e muito bonito! Eu, particularmente, adorei jogar com o Aquaman, que, pra mim, tem o especial mais satisfatório dentre os personagens jogáveis na demo e também adorei a adição de itens que você pode utilizar para modificar seus heróis e deixá-los exatamente como você quer que eles sejam! Como o novo slogan do jogo diz: Toda batalha te define!
Se eu, que não sou lá muito fã de jogos de luta, fiquei super empolgado com Injustice 2, acredito que vocês, fãs de jogos de luta, vão amar!
4 – Furi
Esse jogo foi uma das mais gratas surpresas que eu tive durante a feira. Situado na área focada em jogos indies e de estúdios menores, dentro do estande da Sony, Furi foi, com certeza, um dos melhores jogos que joguei na feira e, também, um dos melhores action games que já joguei na vida.
Furi é um jogo de ação que mistura elementos de hack’n’slash e shooters, tendo tanto combate a distância e corpo-a-corpo. A coisa mais legal em Furi é que o jogo é super simples em sua proposta, pois o jogo só tem “boss-battles”, as famosas batalhas contra os chefões! E cada um deles é incrivelmente desafiador. Em Furi, seu personagem não evolui, não ganha experiência, não ganha itens. Quem evolui é você, como jogador, que se torna mais habilidoso a cada batalha.
E um detalhe legal: O jogo tem a direção de arte do mesmo artista responsável pelo anime Afro Samurai! Sério, galera… Esse jogo é demais!
5 – Warhammer 40,000: Inquisitor – Martyr
Esse jogo é demais! Pra os fãs de jogos de RTS (estratégia em tempo real) a franquia Warhammer 40,000 já é consolidadíissima como uma das mais influentes e mais autênticas da indústria, então nem preciso falar muito sobre o quanto o universo de Warhammer 40,000 é fantástico e super interessante! Mas, dessa vez, os caras foram ousados. Warhammer 40,000: Inquisitor – Martyr é um action-RPG-adventurer-hack’n’slash’n’shoot’and’explode e sei lá como definir mais, mas imagina Diablo com sistemas de cover, granadas e canhões em um universo destrutível… Imaginou? Pois é, parece com isso, mas é melhor!
Eu me impressionei MUITO com esse jogo e com o pessoal da NeoCore Games, que já tem uma expertise muito bacana com Action games, tendo desenvolvido títulos como DeathTrap, The Incredible Adventures of Van Helsing e outros! Foi um dos jogos que eu mais gostei de jogar na E3, e o demo estava LINDO! Muito empolgado em jogar Warhammer 40,000 Inquisitor – Martyr!
6 – Menção Honrosa – Worms WMD
Vou ser sincero, esse jogo só está aqui por conta do meu sentimento de nostalgia! Eu visitei o estande da U&I Entertainment, onde joguei Worms WMD, o novo jogo das minhoquinhas malucas do estúdio Team17 e eu tenho de dizer: me diverti muito!
Worms é um jogo sobre uma batalha tática de times de minhocas que utilizam diversas armas e dispositivos uns contra os outros e a coisa é muito engraçada! Eu cresci jogando Worms Armagedon e seus sucessores, então foi uma viagem no tempo jogar o novo Worms, que resgata a essência dos jogos antigos da franquia.
Com toda a certeza, Worms WMD não é um dos melhores jogos apresentados na E3, mas foi uma grata surpresa me encontrar com um jogo tão querido da minha infância na maior feira de jogos do mundo! 🙂
Bem… ao fim da E3 ficou um sentimentozinho de frustração por não conseguir ver tudo que a feira tinha para oferecer, por causa da quantidade de atrações e coisas interessantes para se ver em um período muito curto de tempo (no terceiro dia, a feira encerra mais cedo, ou seja, a correria é ainda maior), mas também por conta do cansaço e por ter que andar quilômetros (sim, quilômetros!) entre o west hall e o south hall com o equipamento nas costas. Mas o sentimento maior é de que valeu a pena! E muito! E, olha, não é só pelos games não! Imagine estar em um lugar onde todos compartilham da sua paixão por games. Você esbarra em desenvolvedores o tempo todo, gente de tudo que é canto do mundo! Troca algumas palavras, experiências, e isso já vale a viagem e todas as bolhas no pé no fim do dia.
A vontade é de ficar lá até o último segundo. Foi exatamente o que eu fiz e espero poder fazer de novo, por muitos anos! 🙂
Texto de: Lucas Stanislau Ribeiro, game designer da REDZERO, especialmente para a Dimensão Geek