A essa altura do campeonato você já deve ter ouvido/lido/assistido que Batman Vs Superman: A Origem da Justiça ou é a oitava maravilha do mundo ou uma bomba maior que as de Hiroshima e Nagasaki. Vamos com calma. O longa dirigido pelo fraco Zack Snyder tem seus acertos, mas, infelizmente, eles são menores que os erros dessa nova tentativa da DC Comics em levar seu universo para as telonas.
Um dos fatores mais legais em Batman Vs Superman: A Origem da Justiça é mostrar como o universos dos super heróis é visto pelos humanos comuns, como essas batalhas, lutas, armas e superpoderes disparados a torto e a direita podem ferrar com a vida do pobre coitado que sai de casa para estudar ou trabalhar e se divertir e não está preocupado com deuses alienígenas, vigilantes mascarados e vilões com planos de dominação mundial.
O filme acerta também na escolha do seu elenco principal. Henry Cavill é um ator correto para o papel do Homem de Aço, Gal Gadot é ótima como Mulher Maravilha e Ben Affleck pode facilmente ser considerado o melhor (ou um dos melhores) atores que já interpretou o Homem Morcego. O mesmo, infelizmente, não podemos dizer de Jesse Eisenberg, o moço do filme do Facebook, que é tão carismático quanto um hidrante e resolveu “coringar” o Lex Luthor. O inimigo do Superman é irritante e parece estar sob o efeito de cocaína de tão rápido que dispara o seu arsenal de piadinhas sem graça.
Outro acerto de Batman Vs Superman: A Origem da Justiça é o visual. O filme é muito bonito e se você assisti-lo em tela grande ficará impressionado com o que se vê na tela. Os efeitos funcionam bem (alguns reclamaram do CGI do Apocalipse, mas para mim funcionou muito bem) e as lutas são muito bem feitas e coreografadas. Mas, infelizmente, as qualidades param por aí o que se vê depois é um filme vazio, arrastado apesar das quase três horas de duração, cansativo, repleto de diálogos insípidos e frases feitas e uma direção pobre que faz parte do currículo de Snyder.
Apesar de ser avesso a esse fla-flu estúpido de fãs de Marvel contra fãs de DC Comics é impossível não comparar este filme com as produções da concorrente, principalmente porque o longa é o pontapé inicial para a formação da Liga da Justiça, que nada mais é do que uma resposta ao sucesso dos Vingadores no universo cinematográfico. E este é um dos erros de Snyder.
Se por um lado a Marvel introduziu seu grupo de heróis aos poucos, citando e colocando pequenos detalhes nos filmes solos dês seus personagens, o diretor de Batman Vs Superman faz isso em cinco minutos, mostrando no computador de Lex Luthor umas pastinhas de arquivos com informações dos membros da Liga, com seus respectivos logos e tudo mais. Oras, se o diretor teve a paciência de gastar 10 minutos contando pela porrilhonésima vez a origem do Homem Morcego, custava destinar mais alguns minutos para mostrar esses novos rostos que, em sua grande parte, são desconhecidos do público comum?
Outra coisa, Snyder tem um problema sério de edição. Ele não saber cortar e não sabe dosar. Das quase três horas de filme, ele poderia tirar uma hora que não faria nenhuma diferença. Ou poderia aproveitar melhor esse momento, apresentando outros easter eggs da Liga ou mesmo desenvolvendo melhor os personagens secundários do longa. Tudo é exagerado, inclusive uma das suas principais características: tomadas em câmera lenta. Técnica esta que ele exagera desde o filme 300 e se tornou uma de suas marcas registradas.
Os diálogos do filme – principalmente os que envolvem Batman e Superman – chegam a ser constrangedores de tão caricato. São frases de feito atrás de frases de efeito que não ligam coisa com coisa e não chegam a lugar nenhum. Mas o pior mesmo é quando Clark e Bruce resolvem conversar no meio da briga e descobrem o amor comum deles pelas respectivas mamães (que têm o mesmo nome) e a partir daí viram BFFs e se unem para a luta final. Uma das justificativas mais estapafúrdias da história do cinema.
Apesar dessas falhas gravíssimas, Batman Vs Superman: A Origem da Justiça não é de todo mal. Dá para aguentar se você estiver com boa vontade para ver o filme e se tiver paciência para conhecer o ponto de partida do futuro da DC Comics no cinema. Ainda dá tempo de salvar esse universo. Mas, para isso, a primeira coisa a se fazer é contratar um diretor.