Aos 80 anos de idade, perto de se aposentar e com uma carreira gloriosa repleto de várias obras-primas filmadas em suas primeiras décadas como diretor, Martin Scorsese volta a surpreender com o ótimo ‘Assassinos da Lua das Flores’, um dos melhores filmes do ano e o melhor dos seus trabalhos mais recentes.
Em Assassinos da Lua das Flores, Scorsese transforma com sabedoria o que seria um drama épico sobre uma série de assassinatos na década de 1920 em Oklahoma (Estados Unidos) e praticamente o surgimento do FBI em um drama intimista e impactante ao contar esta história pela ótica de um casal formado entre uma integrante do povo Osage e um “homem branco”.
A história
O povo Osage é uma das civilizações indígenas vítimas da colonização brutal que os norte-americanos fizeram no Oeste. Foram obrigados a se agrupar em um pequeno pedaço de terra, que aparentemente não servia para muita coisa, e não era cobiçada pelos colonizadores. Por sorte ou azar esse pedaço de terra continha petróleo e transformou os Osage na população com a maior renda per capita do mundo.
A cobiça
O sucesso dos Osage despertou curiosidade, inveja e a atenção de quem sempre procura uma oportunidade de aproveitar da situação (e da boa-fé daquele povo) em benefício próprio. E é justamente sobre um desses aproveitadores que Scorsese desenvolve a história do filme.
O diretor recorta a história a partir de William Hale (Robert De Niro), um fazendeiro e empresário local que se apresenta como amigo dos Osage, mas que na verdade se interessa apenas na fortuna. Para isso, ele aproveita a chegada do sobrinho Ernest Burkhart (Leonardo DiCaprio) para casá-lo com uma integrante dos Osage, Mollie (Lily Gladstone). Uma série de assassinatos e mortes misteriosas dos membros da família de Mollie, transferir para a sua família a herança os Osage.
O elenco
Scorsese aproveita com maestria os dois atores que marcaram diferentes fases de sua carreira. Tanto De Niro, que atuou nas principais obras-primas do diretor, quanto DiCaprio (que estrela a fase posterior do cineasta) arrasam em seus papeis. De Niro está assustador e nem um pouco caricato no papel do implacável Will Hale. Enquanto DiCaprio mostra muito bem as várias facetas do simplório sobrinho Ernest. Ora inocente, ora ganancioso, ora apaixonado, ora intolerante.
Mas a dona da festa é Lily Gladstone que consegue se sobressair perante essas duas grandes estrelas do cinema com uma atuação memorável e magistral. Brilhando tanto na fase em que Molly precisa impor sua força, quanto se destrói ao ver os membros de sua família morrerem um a um ao seu lado. E, principalmente, quando vai definhando na cama por causa de sua diabetes e da “cura” aplicada pelo marido a mando do tio.
Gladstone sobra em cena e em alguns momentos chega a ofuscar seus dois parceiros de filme com sua atuação marcante.
Coadjuvantes de luxo
O filme ainda se dá ao luxo de trazer grandes atores que, embora tenham pouco tempo de tela, conseguem se impor em seus papéis: John Lithgow, Brendan Fraser e, principalmente Jesse Plemons.
Embora Assassinos da Lua das Flores não é comparável aos seus grandes filmes do início de carreira, não é nenhum exagero afirmar que ele é o melhor filme da fase atual do cineasta. E se você se preocupa com a duração de 3h30 do filme, saiba que cada minuto ali é trabalhado com qualidade, paciência e amor. Principalmente amor ao cinema.
NOTA 9,5
Trailer – Assassinos da Lua das Flores
Ficha Técnica
Título original: Killers of the Flower Moon
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Martin Scorsese, Eric Roth
Elenco: Robert De Niro, Leonardo DiCaprio, Lily Gladstone, John Lithgow, Brendan Fraser, Jesse Plemons
Onde assistir: Somente nos cinemas
Data de estreia: 19 de outubro de 2023
Duração: 206 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: drama, western, mistério, crime, thriller
Ano: 2023
Classificação: 14 anos
