A Cozinha: HQ usa olhar feminino sobre a máfia pra sair da mesmice

Capa brasileira de A Cozinha: Rainhas do Crime
Capa brasileira de A Cozinha: Rainhas do Crime

Quando os maridos de Kath, Raven e Angie foram presos, elas resolveram tomar a frente do negócio de agiotagem que os três tocavam durante a década de 1970, no bairro nova-iorquino da Cozinha do Inferno. É o que acontece em A Cozinha: Rainhas do Crime, HQ do hoje extinto selo Vertigo publicada aqui pela Panini.

Noite após noite, as três saem para fazer a coleta de estabelecimentos que haviam pego dinheiro emprestado com juros, enquanto Jimmy, Rob e Johnny cumprem pena. Mas, dada a época e o tom do trabalho, elas logo tiveram que engrossar pra mostrar a todos que estavam à altura de tocar o negócio dos companheiros nesse meio tempo. E é aí que tudo começa a dar errado.

Em uma das coletas, as três acabam tendo problemas com Frank Castellano, membro da máfia italiana, algo que elas acabam descobrindo logo depois de atirar nele e mandá-lo para o hospital em coma. Mais do que o fim dos negócios, a descoberta do crime, para as três, que têm origem irlandesa, significaria morte certa. Mas, quando se fala em dinheiro, vale a pena até estar na mira da máfia. E o sucesso do esquema pode ser outro problema.

Rainhas do crime

O que era para ser retomado pelos maridos quando saíssem da prisão, acaba se tornando a vida das três em tempo integral. Ao ponto delas estarem decididas a tirar os próprios companheiros da jogada para lucrarem sozinhas. Nisso, logo, as três se vêem afundando cada vez mais na ilegalidade, em uma trama de traição e morte, que pode acabar custando mais caro para as três do que elas imaginavam.

Com uma arte bonita feita por Ming Doyle e Jordie Bellaire, o roteiro escrito por Ollie Masters traz dezenas de reviravoltas ao longo das páginas que, de fato, surpreendem o leitor. Principalmente no desfecho completamente inesperado. Mas, ao mesmo tempo, totalmente coerente com uma história de gangsteres.

E, como estamos falando de uma HQ do selo Vertigo, violência e sexo são pontos frequentes do gibi. Mas, ele realmente encanta pela densidade das personagens. Todo mundo em A Cozinha tem um passado e uma razão que justifica seus atos ao leitor. Então, ainda que você não apoie as personagens, consegue criar empatia por elas. O que torna mais difícil adivinhar quem será poupado ao longo da história.

Outro ponto interessante é que A Cozinha virou filme. Rainhas do Crime, que traz no elenco Melissa McCarthy, Tiffany Hadidsh e Elizabeth Moss, foi lançado no Brasil em agosto deste ano, mas parece ter passado batido por público e crítica. Uma pena. Então, esteja você interessado no filme ou não, A Cozinha é uma HQ que prende o leitor do início ao fim em uma narrativa firme e adulta. Indicada aos que curtem histórias de máfia, mesmo que nunca tenham lido um gibi.

Ficha Técnica:
Título: A Cozinha: Rainhas do Crime
Editora: Panini
Autores: Ollie Masters (roteiro), Ming Doyle (arte) e Jordie Bellaire (cores) Lombada: quadrada
Capa: cartonada
Páginas: 176
Formato: 26 x 17 cm
Lançamento: agosto/2019

Carlos Bazela

Jornalista e leitor compulsivo, gosta de cerveja, café e chá preto não necessariamente nessa ordem. Fã de boas histórias, principalmente daquelas contadas por meio de desenhos e balões.

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