‘Succession’ chega ao fim como uma das melhores séries da história

Poucas séries chegaram ao fim com tanta expectativa como ‘Succession’ chegou. Afinal de contas, ao longo de quatro anos a série da HBO sobre quem seria o sucessor do Logan Roy (Brian Cox) no comando da Waystar RoyCo, um dos maiores conglomerados de meios de comunicação e entretenimento do mundo, contou com um roteiro impecável para tratar o assunto sem nunca descartar um dos três filhos que atuavam diretamente na empresa: Kendall (Jeremy Strong), Shiv (Sarah Snook) e Roman (Kieran Culkin). O filho mais velho, Connor (Alan Ruck), sempre deixou claro que não queria saber do comando da empresa.

O mais intrigante de tudo, apesar de não tirar ninguém do páreo, o criador Jesse Armstrong alternava o favorito diversas vezes entre uma temporada e outra, sem deixar muito claro quem “assumiria o trono” e qual seria o desfecho da história. E poucas séries na história da TV conseguiram manter o mistério tão bem guardado, com temporadas subindo de nível a cada ano e um final arrebatador, que não chega a ser tão surpreendente, mas que consagra Succession como uma das melhores séries da história e um marco no mundo do entretenimento.

Drama Shakespeareano

Quem acompanhou atentamente Succession durante esses quatro anos, já esperava que Tom Wambsgans (Matthew Macfadyen) era um candidato sério a ser o novo CEO da Waystar RoyCo. Era mais do que evidente já que o marido de Shiv comia pelas beiradas. Pois, apesar da clara inspiração na vida do magnata Rupert Murdoch e seus herdeiros, a principal fonte de inspiração de Armostrong era em William Shakespeare, mais precisamente sobre a sua grandiosa obra Rei Lear. O drama sobre o rei que envelhecido e beirando à loucura, resolve dividir seu reino entre suas três filhas. E, justamente, o marido de uma delas, acaba herdando o trono, assim como o novo rei Tom.

Mas, sinceramente, o final, mesmo sendo maravilhoso, pouco importa. A jornada de Succession é o que realmente faz a diferença. Poucas séries trabalharam episódio por episódio, ano após ano, com tamanho capricho, cuidado e excelência em um nível tão alto. E, aqui, tudo realmente é pensado em cada detalha. Seja na escolha do elenco formidável, o roteiro espetacular e uma direção extraordinária. Todos os elementos trabalham em perfeita harmonia, com uma fluidez perfeita que encantou seus espectadores sem apelar para muletas criativas ou apelações fáceis como as novas produções costumam apelar.

Um marco há história

Matar o seu protagonista logo no terceiro episódio da temporada ao invés de deixar para o fim mostra como Succession ousou e nadou contra a maré. Pouquíssimas produções têm tanta coragem e não entendem o quanto esse tipo de coragem é importante para sair do lugar comum e evitar que a série se torne algo mais do mesmo. A saída precoce de Logan, em episódio espetacular e histórico, deu uma nova e importante narrativa para a produção, aquecendo a disputa entre os irmãos, assim como o interesse do excêntrico milionário Lukas Matsson (Alexander Skarsgård) na compra da empresa.

Em uma época em que continuações intermináveis de franquias estúpidas que só pensam em intermináveis cenas de ação e efeitos especiais excessivos em CGI, ver o triunfo de público e crítica de uma produção que se importa principalmente com seu roteiro é para aplaudir de pé. É sinal de que nem tudo está perdido e que ainda há espaços para criatividade e contar boas histórias. Succession infelizmente é uma exceção, mas bem que poderia ser a regra.

Succession final

NOTA 10

Trailer – Succession (temporada final)

Ficha Técnica

Título original: Succession
Criação: Jesse Armstrong
Direção: Mark Mylod, Andrij Parekh, Shari Springer Berman, Robert Pulcini, Lorene Scafaria, Becky Martin
Roteiro: Jesse Armstrong
Elenco: Brian Cox, Jeremy Strong, Sarah Snook, Kieran Culkin, Alan Ruck, Matthew Macfadyen, Nicholas Braun, Alexander Skarsgård
Temporada: 4
Episódios: 10
Duração: 50 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: drama, comédia

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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