‘Os Banshees de Inisherin’ é uma obra sensível que beira o absurdo

Um dos grandes vencedores do Globo de Ouro, ‘Os Banshees de Inisherin’ justifica as nove indicações que recebeu para disputar o Oscar. Escrito e dirigido por Martin Mcdonagh e estrelado por Colin Farrell e Brendan Gleeson, a produção é uma comédia dramática, sensível, que beira o absurdo e encanta o espectador com uma história simples, porém surreal.

O filme, aliás, marca o retorno do trio que brilhou no subestimado Na Mira do Chefe, que é uma obra que merecia muito mais atenção do espectador e da crítica. Por sinal, não é nenhum exagero afirmar que a produção de 2008 é superior a esta que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (2).

Fim de amizade

Em Os Banshees de Inisherin, Pádraic Súilleabháin (Farrell) segue o roteiro diário de sua vida medíocre. Passar na casa de Colm Doherty (Gleeson) para apanhá-lo e irem juntos papear no pub do pequeno vilarejo onde moram. Mas em um determinado dia, o amigo se recusa a sair de casa e acompanhá-lo ao bar.

Confuso, Pádraic acredita que deva ter insultado durante uma bebedeira, porém não se lembra de ter cometido algum ato falho contra o amigo. Logo depois, ele fica ainda mais confuso ao ouvir de Colm que este, que até então era seu melhor amigo, simplesmente não quer mais a sua amizade.

Os Banshees de Inisherin

Do humor à melancolia

A situação inusitada desperta risos a quem assiste alo filme. Principalmente pela motivação que leva o fim da amizade, segundo Colm. Músico frustrado que quer deixar uma obra como legado de sua passagem na terra, ele acredita que precisa parar de perder tempo com o papo furado e desinteressante de Pádraic e se concentrar em sua música.

Pádric, uma figura simplória e levemente idiota, não se conforma. Ele simplesmente se recusa a perder o contato com o seu melhor amigo. Afinal, além da irmã Siobhán (Kerry Condon) e a burrinha que cria como se fosse um membro da família, Colm é praticamente o seu único contato fora de sua casa.

O que começa engraçado, com a tentativa de retomada da amizade, vai aos poucos ganhando traços melancólicos e trágicos, com o desenrolar dos fatos que vão se sucedendo graças a essa “inimizade”. E aqui, vemos, dessa forma, a ótima química construída pelo grandioso trio de Na Mira do Chefe.

Os Banshees de Inisherin

Mcdonagh, Farrell e Gleeson

O roteiro conciso e, aparentemente simples, de Mcdonagh é, em suma, o grande fio condutor da história. Porém, as atuações de Farrell e Gleeson são perfeitas e elevam a obra a um patamar realmente superior. Soma-se isso a uma coadjuvante de peso como Kerry Condon (um arraso), uma fotografia que consegue traduzir esse distanciamento e esfriamento dessa amizade perdida e, assim, transformamos essa história modesta em um grande filme.

Por fim, não espere grandes surpresas ou grandes revelações, assim como cenas de ação ou efeitos especiais hipnotizantes. Deixe-se levar pelas grandes atuações dos protagonistas, a sensibilidade do diretor e se encante com a melancolia e beleza singular que Os Banshees de Inisherin oferece.

Nota: 8

Trailer – Os Banshees de Inisherin

Ficha técnica

Título original: The Banshees of Inisherin
Direção e roteiro: Martin McDonagh
Elenco: Colin Farrell, Brendan Gleeson, Kerry Condon, Barry Keoghan
Onde assistir: somente nos cinemas
Data de estreia: 02 de fevereiro de 2023
Duração: 114 minutos
País: Irlanda, Reino Unido, Estados Unidos
Gênero: comédia dramática
Ano: 2022
Classificação: 16 anos

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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