Lua do Lobo reinventa o mito do lobisomem

“É muito simnullples dizer que o lobo transforma carne e sangue; Ele transforma vidas”. As primeiras palavras de Lua do Lobo, ainda no prefácio escrito pelo criador Cullen Bunn, já revelam que as páginas a seguir trazem muito mais do que terror e violência: contém drama e reflexões com uma aposta pesada no lado humano da história para desconstruir o mito do lobisomem e torná-lo ainda mais assustador.

A HQ segue os passos de Dillon Chase, que peregrina pelos Estados Unidos no rastro da criatura que arruinou sua vida e de sua namorada Cayce. Ele sabe que o Lobisomem tem apenas três noites por mês para satisfazer seus instintos assassinos e, por isso, o tempo urge para achar o monstro e descarregar em cima dele sua arma lotada de balas de prata. E a melhor notícia sobre esse gibi é que todos os clichês do gênero terminam aqui.

No decorrer da história, com ótimos desenhos de Jeremy Haun e cores de Lee Loughridge, vemos que assim como Cayce e Dillon, as vítimas do lobo se reuniram em uma grande comunidade para trocar informações e até mapear os ataques da criatura para colocar um fim definitivo na matança. A grande sacada é que o grupo não é só formado por sobreviventes do lobisomem, mas também de pessoas que já foram o próprio monstro um dia.

Em Lua do Lobo, os autores abandonam a ideia de que as transformações ocorrem por arranhões, mordidas e até maldições e bruxaria para adotar um conceito mais verossímil e assustador: a aleatoriedade. O gibi defende a ideia de que qualquer pessoa em algum momento da vida pode ser um lobisomem durante o mês e voltar completamente ao normal após a terceira noite, ficando apenas com o gosto de sangue na boca e o fardo das vidas que destruiu. Tudo explicado de forma condizente com o clima sobrenatural da aventura.

E como se não bastasse tudo isso, ainda há um assassino matando ex-lobisomens, o que faz da HQ um verdadeiro thriller de papel onde presas e predadores trocam de lugar mais de uma vez em uma narrativa que revela surpresas a cada capítulo e dá uma interpretação totalmente nova a um dos monstros mais famosos do mundo.

Publicado no Brasil pela Panini como edição única, Lua do Lobo foi originalmente publicado lá fora em forma de minissérie pelo selo Vertigo e certamente vale a leitura. Mas, deixe para ler o prefácio, que está logo no começo, por último. Assim, a sensação de ler será muito melhor sem saber o que o criador queria que você sentisse ao escrever a HQ e depois você vê se ele cumpriu a missão.

Ficha Técnica:

Título: Lua do Lobo
Editora:
Panini
Autores: Cullen Bunn (roteiro), Jeremy Haun (arte) e Lee Loughridge (cores)
Capa: cartonada
Lombada: quadrada
Papel: LWC
Páginas: 164
Formato: 17 x 26 cm
Lançamento: outubro /2017

Carlos Bazela

Jornalista e leitor compulsivo, gosta de cerveja, café e chá preto não necessariamente nessa ordem. Fã de boas histórias, principalmente daquelas contadas por meio de desenhos e balões.

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