Juiz Dredd – Heavy Metal é pra quem curte som pesado e histórias mais ainda

Capa da edição brasileira de Juiz Dredd - Heavy Metal

Aclamado por muitos, o Juiz Dredd foi criado em 1977 para as páginas da revista inglesa 2000 AD e vem gerando controvérsia desde então. Joe Dredd é o mais implacável dos juízes de rua encarregados de manter a lei e a ordem em Mega City Um, uma cidade hiperpopulosa com 400 milhões de habitantes.

Na história, a quantidade absurda de gente fez com que um sistema diferente de justiça fosse criado, com homens e mulheres com treino militar de combate e versados nas leis locais para realizar prisões e executar sentenças instantaneamente. O personagem, inclusive, já chegou aos cinemas em 1995 e 2012 tendo Sylvester Stallone e Karl Urban no papel, respectivamente.

Mas, se as aventuras do anti-herói já são uma loucura normalmente, o que acontece quando os autores se reúnem para extrapolar a violência, a loucura e temperar tudo isso com muito rock’n’roll? A resposta é o encadernado Heavy Metal, publicado aqui no brasil pela Mythos Editora, e que reúne uma coletânea de histórias curtas, recheadas de humor negro e enredos absurdos, concebidas por John Wagner, Alan Grant, Simon Bisley e John Hicklenton, que se revezam entre a arte e os roteiros.

E se essa é a sua primeira incursão nos quadrinhos, tenho apenas um pedido: abandone todo seu senso de moral na primeira página enquanto se deleita com as referências musicais espalhadas pelo volume. Não conhece o personagem? Sem problemas! Na história de abertura, “A Cartilha de Mega City”, os textos, escritos como uma música de death metal, te colocam a par de quem ele é e como funcionam as coisas nesse futuro pra lá de distópico, de um jeito que dá orgulho a qualquer headbanger.

Baderna total

A primeira sensação de quem pega Heavy Metal para ler – conhecendo ou não o Juiz Dredd – é de que se trata de uma bagunça total. Os traços caóticos com figuras deformadas, unidos a textos perturbados, dão a impressão de que não houve nenhuma ideia hedionda o suficiente para ser vetada na composição do encadernado. Mas, como normalmente acontece, todo esse caos tem um objetivo.

Por trás das tramas loucas, os autores debatem temas como censura, falso moralismo, força policial excessiva, culto às celebridades e banalização da violência. Todas colocadas em contextos absurdos, que começam, terminam (ou os dois) em morte. Uma ótima sátira sobre os rumos da sociedade na qual vivemos, cuja atmosfera oscila um capítulo inteligente de Black Mirror e um episódio de South Park daqueles mais surtados.

Então, seja pela história na qual uma banda transplanta seus cérebros para baratas mutantes da América do Sul para se tornarem os New Beatles ou aquela que mostra Dredd realizando a prisão de um motoqueiro ciborgue no condomínio Ozzy Osbourne, depois dele ter mordido a cabeça de um homem vestido de morcego, a HQ é um dos melhores títulos já feitos com o personagem. Um gibi cheio de mensagens tão impactantes quanto sua arte singular e os roteiros repletos de linguagem vulgar. Um obra que você definitivamente precisa ler.

Ficha Técnica:
Juiz Dredd – Heavy Metal
Autores: John Wagner, Alan Grant, Simon Bisley e John Hicklenton
Editora: Mythos
Capa: dura
Lombada: quadrada
Páginas: 132
Formato: 26, x 19,2 cm
Lançamento: março / 2017

Carlos Bazela

Jornalista e leitor compulsivo, gosta de cerveja, café e chá preto não necessariamente nessa ordem. Fã de boas histórias, principalmente daquelas contadas por meio de desenhos e balões.

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