Toda a unanimidade é burra, já dizia Nélson Rodrigues. Ainda assim, todo mundo fica meio espantado quando alguém diz que não gosta de alguma série que acompanhamos. Principalmente se essa série é popular no mundo todo. E quando o desdém parte de alguém que participou da série?
O ator inglês Stephen Dillane, por exemplo, interpretou Stanis Baratheon (irmão de Robert e um dos principais candidatos ao trono de ferro) por quatro temporadas antes de ter o personagem assassinado pelos produtores. Por despeito ou para causar, Dillane faz questão de descascar a série sempre que pode, tendo descido a lenha mais recentemente em uma entrevista para o francês Liberátion – e reproduzida pelo Game of Thrones BR.
O ator diz não se arrepender de ter feito o seriado, mas também nenhuma vontade de se prolongar no assunto, sendo até um tanto áspero.
“A experiência foi muito estranha e não me afetou. Para gostar de um papel, eu preciso estar interessado nele, e esse nunca foi o caso com Game of Thrones. Eu vivia sobrecarregado pelos acontecimentos”.
Após confirmar a morte de Stanis e sua ausência, nessa e nas próximas temporadas, criticou ainda as condições de filmagens ao redor do mundo, como um grande set que deixava tudo mais difícil.
Questionado sobre o motivo que o levou a aceitar um papel em um programa que, a julgar pelos próprios comentários, ele despreza, respondeu após refletir em silêncio por alguns instantes: “Entre outras coisas, pelo dinheiro”.
Game of Spoilers
Anunciado recentemente com estardalhaço como um novo nome de peso que se juntava ao elenco de GOT, o ator britânico Ian McShane (que brilhou em Deadwood, da HBO) é outro que minimizou a importância dessa participação em sua carreira, além de entregar uma série de spoilers. (Telegraph)
“Me perguntaram se eu queria fazer Game of Thrones e eu disse:
– Claro, vou poder ver meus velhos camaradas Charlie Dance e Stephen Dillane
E eles disseram:
– Não, nós os matamos.
Eu não tinha certeza se podia me comprometer, mas eles então disseram que seria apenas por um episódio, então eu disse:
– Então isso significa que eu devo morrer no final. Beleza, tô dentro.”
No programa Breakfast da BBC, no começo do mês, McShane deu algumas dicas sobre o personagem que interpretou:
“Meu personagem é um tipo de ex-guerreiro que se transformou em um pacifista. Então eu tenho esse grupo, um tipo de culto, tribo pacífica, que trouxe de volta – Eu trago de volta um personagem muito querido que todos pensam que está morto. Então vou deixar assim.”
Mas acabou não deixando, voltando a entregar detalhes de sua participação para a BBC Radio.
“Meu personagem funcionou quando eles me perguntaram e eu disse – de novo, era só uma participação, e uma grande desculpa para eu ir até a Inglaterra, ver minha mãe e meu pai e antes de fazermos Doctor Thorne (série do canal inglês ITV) – meu personagem é como um ex guerreiro que renunciou à violência e agora lidera esse culto pacífico por aí… Sei lá por onde… Mas eu também cuidei de um personagem adorado, e o trouxe de volta à vida. E isso reintroduz – não vou dizer se ele ou ela – porque é um personagem bem querido, que todo mundo pensa que morreu mas está vivo. Eu e a turma de irmãos e irmãs amantes da paz o trouxemos de volta à vida. E isso o introduz de novo.”
Incomodado com a repercussão de suas declarações, McShane procurou se defender, mas não dedicou muito tempo na preparação do argumento.
“Você diz uma coisinha de nada e a internet fica maluca”, comentou. “Eu fui acusado de entregar a trama, mas só acho que ‘arruma a porra de uma vida’. É só um pouco de tetas e dragões.”
Um verdadeiro gentleman.