R.E.M. | Peter Buck fala sobre o fim da banda

Não foi o caso de socos e pontapés, não foi o caso de romances proibidos com parceiros trocados. Tampouco diferenças irreconciliáveis, como costuma acontecer. Segundo o guitarrista Peter Buck, o fim da banda R.E.M. , em 2011, aconteceu após uma conversa calma entre ele, o vocalista Michael Stipe e o baixista Mike Mills. Sem dramas, sem raiva, mas com alguma melancolia, claro.

Em entrevista a revista Rolling Stone, Buck lembra que a decisão vinha sendo amadurecida desde 2008, quando a banda inteira demonstrou estar cansada de tantas turnês. Após um show na Ciadade do México, o último da tour, Stipe teria dito que aquela era, talvez, a última vez que eles tocariam aquelas músicas juntos em um palco e nenhum dos outros integrantes da banda pareceu discordar. (Rolling Stone)

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Ainda assim, a banda teve forças para compor e gravar um último álbum, Collapse into Now (2011). Novamente, foi Stipe quem verbalizou o sentimento do trio inicialmente, começando a conversa dizendo que queria se afastar das responsabilidades do R.E.M. por um longo tempo. Buck sugeriu que esse tempo fosse, na verdade, para sempre. Os três teriam então se entreolhado e concordado, com Mills resumindo que a decisão parecia acertada.

Na entrevista, Buck conta que o que chegou ao fim foi a banda, mas a amizade entre os integrantes, assim como os negócios que conduzem juntos, continuam inabalados. Inclusive, destaca que existem fitas e fitas com outtakes e gravações que nunca foram lançadas. Mas, como ele mesmo faz questão de lembrar, esse material não passou pelo crivo do grupo na época, sendo considerado abaixo dos padrãos. E se depender deles, esse material permanecerá inédito.

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Orgulhoso do legado da banda que, segundo ele, acabou no momento em que deveria, sem colocar sua integridade em risco, Buck se diz feliz com o catálogo criado, embora reconheça que uns dois discos não são assim tão bons. Mas segundo o guitarrista, isso não é tão mau, uma vez que até Bob Dylan tem uns dois discos não tão bons assim.

Formada em Athens, na Georgia, em 1980, o R.E.M. foi uma das raras bandas que saiu do underground e conquistou o mainstream sem nunca perder o DNA alternativo. Avessos à fama e à cultura de celebridades, os integrantes fizeram de sua música, dentro do possível, o foco de seu trabalho, com algumas concessões para videoclips promocionais.

Em 1997, após um difícil turnê em que teve problemas de saúde, o baterista Bill Berry abandonou o barco, mas também o fez de uma maneira amistosa, tanto que se apresentou em ocasiões especiais com a banda posteriormente.

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“Parecia que a gente estava em uma daquelas bandas que ficaria por aí para sempre, então, ter tido a chance de dizer “Não, é isso aí. Vocês nunca irão nos ver de novo!” me fez sentir que nós conseguimos terminar de uma maneira honrosa”, diise Michael Stipe em entrevista realizada em 2015 ao falar do fim do grupo. (Grantland)

“Estamos felizes agora que deixamos tudo para trás e eu vejo esses caras o tempo todo. É relamente muito bom”, disse sobre a aposentadoria do grupo em uma outra entrevista. (The Sun)

“Eu jantei com o Michael há três semanas”, conta Buck. “E eu vejo Mike mais frequentemente porque ele gosta de aparecer em shows de rock e ele acaba tocando em quase toda banda na qual eu toco”, conclui o guitarrista.

A amizade entre os músicos, aparentemente, segue intacta, assim como o legado da banda que construiu uma carreira singular, permanecendo honesta em uma indústria altamente predatória.

https://www.youtube.com/watch?v=RYJYTyw_dfM

 


 

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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