Led Zeppelin: Edição Especial de Physical Graffiti

“Physical Graffiti” é um daqueles casos raros onde algo que poderia ter dado extremamente errado acabou funcionando muito bem. Afinal em 1975 o Led Zeppelin já era a maior banda do mundo, mas também começava a pagar os preços pelos excessos que há anos cometiam na estrada. Não à toa os discos começaram a demorar mais para sair.

Apesar de ser, merecidamente, lembrado como um dos grandes álbuns duplos já lançados, é bom lembrar que essa não era a intenção original da banda. Mas como eles se viram com oito canções que não caberiam em um único disco, e não queriam deixar nada de fora, o jeito foi vasculhar os arquivos em busca de material aproveitável.

Saber que faixas como “The Rover”, “Down By The Seaside” ou “Night Flight” estavam pegando poeira nos arquivos só comprova como o Led foi majestoso na primeira metade dos anos 70. Apesar disso, é inegável que as faixas gravadas em janeiro e fevereiro de 1974 são superiores aos outtakes. “Custard Pie”, “In The Light” e, claro, “Kashmir” que o digam. Ou seja, aquele que poderia ter sido um álbum cansativo e extremamente indulgente acabou se tornando um sucesso de público e crítica – que em sua maioria ainda via Page, Plant e cia. com certa desconfiança.

Isso foi na época, já que nas décadas seguintes a credibilidade do disco só aumentou, tanto que é difícil ver uma lista de “melhores álbuns de todos os tempos” sem “PG” muito bem posicionado. Obviamente é difícil afirmar categoricamente qual o melhor disco da banda – os quatro primeiros discos todos podem reclamar a primazia – mas ele tem uma vantagem sobre os seus predecessores: a sua pouca massificação.

O fato é que, tirando “Kashmir”, “Physical Graffiti” não tem mais nenhum outro grande sucesso da banda. Isso deixa o caminho livre para o ouvinte ter alguma faixa mais obscura como a sua predileta e permite uma revisitação mais prazerosa do álbum de tempos em tempos – algo mais difícil de conseguir com, digamos, Led IV.
“PG” completou 40 anos na semana passada, o que motivou o seu retorno às lojas em novas, e caprichadas, edições. Os cinco primeiros álbuns já saíram no ano passado e até o final deste ano a discografia toda deverá ter retornado ao mercado. Para os fãs mais radicais o maior interesse está no material que compõe o disco extra.

Infelizmente as sete faixas da edição especial de Physical Graffiti não trazem grandes revelações, já que em sua maioria o que temos são músicas com mixagem alternativa ou apenas instrumentais. Apesar disso, vale conferir a versão inicial de “In The Light” (então chamada “Everybody Makes It Through”) para ver como a canção evoluiu até seu estágio definitivo. Também é óbvio que para quem já ouviu o disco centenas e centenas de vezes não deixa de ser interessante poder ouvir algumas dessas músicas de forma ligeiramente modificada.

Agora para quem quiser ouvir Physical Graffiti sob um novo prisma, talvez seja melhor comprar o mais recente número da revista britânica Mojo, que traz uma matéria especial sobre o trabalho e vem com um CD encartado com novas bandas recriando todas as faixas do álbum. Uma edição com limitada com o tributo em vinil duplo também foi lançada pela editora.

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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