Westworld S03E08 | Crisis Theory

Já era de se esperar que Crisis Theory, último episódio da tarceira temporada de Westworld tivesse um final agridoce, com encerramento de alguns ciclos, abertura de outros e um gancho para o quarto, que provavelmente será o derradeiro, ano da série. O problema é que ele, apesar de uma boa ideia, falhou na execução final, na conclusão e em algumas decisões tomadas apenas com o intuito de agradar fãs.

A história linear, sem diversas linhas temporais e afins, foi uma escolha acertada de Jonathan Nolan e Lisa Joy para essa temporada. O artifício já foi bem utilizado nas temporadas anteriores e não faz mais sentido ficar repetindo o mesmo “truque” que todo mundo já conhece de cor e salteado.

A inclusão de Caleb (Aaron Paul) foi outro acerto dos showrunners que, ao colocar um humano ‘correto’ no caminho de Dolores (Evan Rachel Wood), despertou a anfitriã, que de maneira coerente mudou o seu alvo. Afinal de contas, o problema não são necessariamente os seres humanos e sim o sistema que os ‘controla’.  A luta não era homens x robôs. E sim uma guerra pelo livre arbítrio, com humanos e androides lutando pela mesma causa.

Aliás, não foi bem colocado né? Dolores o escolheu por um motivo nobre, lembrando dele de um outro parque, voltado para treinamento de soldados, onde Caleb impediu que seus companheiros estuprassem as anfitriãs salvas no exercício. Desde o primeiro encontro, tudo foi premeditado pela anfitriã que viu uma fagulha de esperança no ex-combatente.

Crisis Theory provou que focar especialmente em Dolores era o melhor a se fazer. A personagem cresceu praticamente em todos os sentidos e a prova disso é a sua mudança de pensamento, trajetória e motivação. Interessante como ela deixa de lado o objetivo de aniquilar a humanidade e passa a focar em um mundo livre para o convívio harmônico entre homens e máquinas, ao conseguir enxergar e acreditar no que há de melhor nas pessoas.

Ao contrário do que vemos hoje em dia, principalmente no Brasil, nem tudo é preto no branco, existem diversas camadas cinentas que precisam ser levadas em consideração. Sua saída de cena para que seu plano seja executado por Caleb e Maeve (Thandie Newton) é bastante digno, embora seja improvável que a personagem tenha se despedido de Westworld. Dolores voltará, mas ainda não há como precisar de que forma isso acontecerá.

Mas quem esperava  que Crisis Theory trouxesse alguma surpresa em relação ao William/Homem de Preto/Homem de Branco (Ed Harris) e Bernard (Jeffrey Wright) se decepcionou muito. Personagens desperdiçados,  com finais previsíveis e que não acrescentarma praticamente nada ao terceiro ano da série. Com o gancho final, é possível que ambos, além de Charlotte Hale (Tessa Thompson) tenham um papel fundamental na quarta temporada. Seria uma correção necesária aos dois.

Outra grande bola fora dos showrunners foi a facilidade com que Caleb e Dolores driblaram o Rehoboam para corromper o seu sistema. Ainda mais com Serac (Vincent Cassel) explicando todo o seu plano para o ex-soldado, no melhor estilo “vilões de Jamens Bond” dando tempo para Dolores se infiltrar e manipular o sistema. Recurso fraco para uma série tão complexa.

E, por fim, passou da hora de enterrar o maldito fan service. Clementine, (Angela Sarafyan), Hanaryo (Tao Okamoto), Hector (Rodrigo Santoro), Stubbs (Luke Hemsworth) Musashi (Hiroyuki Sanada) e agora El Lalo (Clifton Collins Jr.) foram personagens que apareceram somente para fazer número. Não acrescentaram absolutamente nada para a trama e só serviram para lembrar que um dia eles existiram e tiveram uma importância para o parque. Chega deles. Chega desse tipo de “desserviço”. Vamos focar no que interessa e fechar a série neste quarto ano com chave de ouro. Potencial para isso ela tem. E muito.

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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