Westworld S03E04 |The Mother of Exiles

“Não como a estátua audaz de grega fama/ Com pernas entre terras estendidas/ O nosso portão d’água se confia/ À dama poderosa cuja chama/ Altívola é farol e que se aclama/ A Mãe dos Exilados; à que inspira/ Com a tocha erguida, vasta boas vindas/ E ao porto, deste irmão, lança esperança. Terra ancestral, retenha seu orgulho!/ Diz suavemente”.

“Dê-me seus cansados/ Suas massas sedentas de ar puro/ Miseráveis nas costas entulhados./ Entregue-os para mim, os moribundos/ Minha luz mostrará o portão dourado!”.

Este poema chama-se ‘O Novo Colosso’ e trata-se de uma homenagem feita pela escritora nova-iorquina Emma Lazarus à Estátua da Liberdade, monumento chamado por ela de ‘Mãe dos Exilados’. Sim, em inglês “The Mother of Exiles”, termo que nomeia o bombástico quarto episódio da terceira temporada de Westworld. E o nome não é mera coincidência.

Mas por que The Mother of Exiles? Porque a Estátua da Liberdade é a imagem de boas-vindas dos Estados Unidos para seus visitantes e principalmente, uma homenagem aos imigrantes do país que largaram suas terras de origem em busca de um futuro melhor. E, claro, que no universo de Westworld o símbolo dos “imigrantes”, a Mãe dos Exilados, só poderia ser Dolores Abernathy (Evan Rachel Wood).

A anfitriã símbolo dos anfitriões. A imigrante que busca um novo lar para os seus, nem que seja na base da imposição. E que bolou um plano genial para essa nova conquista. Ninguém imaginava que as cinco pérolas trazidas por ela de Westworld fossem na verdade suas próprias cópias.

Aliás, a grande revelação do episódio faz todo sentido principalmente porque elimina algo que foi analisado no episódio anterior, The Absence of Field, que mostrava um comportamento dúbio da protagonista. Como ela forçaria os anfitriões a seguir seus comandos sendo que ela estava lutando contra os humanos que justamente obrigavam os anfitriões a realizarem seus desejos? Se a briga de Dolores é pelo livre arbítrio, nada mais correto que contar apenas com ajuda de quem realmente deseja comprar essa briga, como é o caso de Caleb (Aaron Paul).

Se por um lado temos um objetivo válido, do outro temos apenas um devaneio e uma ideia megalômana. Embora seja até certo ponto compreensível que Engerraund Serac (Vincent Cassel) queira construir um novo mundo livre de “humanos tóxicos” (que chegaram a destruir a Paris onde ele nasceu e cresceu), não é o suficiente para justificar seus atos. O uso desenfreado da tecnologia, principalmente o Rehoboam, é muito mais nocivo e tóxico do que os atos terríveis cometidos pela humanidade em si. Basta ver como ele usa o sistema para torturar uma pessoa e conseguir a informação que precisa.

Enquanto Dolores ainda não enfrenta cara a cara seu novo inimigo, foi bem interessante a maneira que ela colocou um ponto final (será mesmo?) na relação como seu velho amigo Homem de Preto (Ed Harris). Aliás, vê-lo fragilizado, consternado pelo que fez com a filha e a  beira da loucura ainda sem saber se é ou não um anfitrião foi impactante. Todas a cenas entre ele e Charlotte (Tessa Thompson) são o ponto alto de The Mother of Exiles, que termina em grande estilo, com ele numa espécie de sanatório,  conversando com a Dolores do Velho Oeste dizendo que ele finalmente saiu do seu “labirinto” e que, para ele, o jogo já terminou.

A guerra se aproxima cada vez mais e a história avança muito bem em Westworld. O trabalho de Lisa Joy e Jonathan Nolan é primoroso e a série caminha para um grande final. É esperar para ver.

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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