Suicidas | O futuro visceral de Lee Bermejo

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Se você já pensou em se enveredar pelos gibis, mas não tem a mínima paciência para super-heróis ou então acha que já passou da idade para Turma da Mônica e Disney, a dica é o selo Vertigo. Criado em 1993, a linha adulta da DC Comics traz histórias com enredo mais pesado e cenas fortes. Um dos produtos dessa nova safra da Vertigo é Suicidas, gibi criado por Lee Bermejo, cujo primeiro volume foi publicado aqui em abril pela Panini.

A história se passa no futuro, 30 anos após a cidade de Los Angeles ser dizimada em um grande terremoto, o “Tremendão”. O que sobrou se desenvolveu dividido entre New Angeles, onde os ricos e poderosos vivem, e Lost Angeles, uma terra sem lei onde os habitantes tentam sobreviver. Vez ou outra, alguém tenta pular o muro que separa esses dois universos, mas acaba morto pelos guardas encarregados de impedir qualquer pessoa d entrar na cidade ilegalmente.

Nesse mundo distorcido, tão perto e tão longe da nossa realidade, o esporte favorito de todos são os duelos dos Suicidas. Gladiadores cirurgicamente melhorados vestidos em armaduras que lutam até a morte em uma arena – que, por sua vez, tenta tirar a vida de todos. Um deles é O Santo, o melhor dos Suicidas. Um homem envolto em mistério que ninguém sabe direito quem é e de onde veio, mas que tem um talento nato para o trabalho e parece aproveitar tudo que a fama e a fortuna das matanças trazem.

A HQ fica interessante exatamente por esse clima, que envolve o assassinato de uma repórter famosa e da assistente de um paparazzo justamente para encobrir o que todos – principalmente os que fizeram do Santo um sucesso – tentam esconder. Mas, o próprio Santo está decidido a fazer algo a respeito.

Violenta e sombria

Suicidas tem a seu favor os belos desenhos de Lee Bermejo, também autor da história, e as cores sóbrias de Matt Hollingsworth, que caem como uma luva para a trama. O clima violento e sombrio – recheado com discussões pesadas sobre imigração ilegal, que se aprofundam a medida que o passado do Santo é revelado – são outros pontos fortes.

O clima de suspense com o qual o primeiro volume – o único publicado aqui até o momento – termina e a abertura para reviravoltas a todo momento também fazem da HQ uma leitura interessante. Algo que deve despertar o interesse do mesmo público que consome produtos de entretenimento mais adultos, como algumas séries da HBO e Netflix, por exemplo.

Contudo, um ponto em Suicidas pode desagradar as leitoras. Sejam elas veteranas ou novatas nos quadrinhos. Não há nenhuma personagem feminina forte na trama. Ao contrário. No gibi de Lee Bermejo ou elas aparecem frágeis e brutalizadas ou então são dispensáveis para o enredo, sendo mortas na sequência. Então, pelo menos nesse primeiro volume, não fica claro se foi misoginia do autor ou um distorcido protesto para mostrar o quanto uma tragédia natural pode fazer o futuro sujo e cruel. E pior ainda se você for mulher.

Ficha Técnica:

Título: Suicidas

Editora: Panini

Autores: Lee Bermejo (roteiro e arte) e Matt Hollingsworth (cores)

Capa: cartonada

Lombada: quadrada

Papel: LWC

Páginas: 164

Formato: 17 x 26 cm

Lançamento no Brasil: abril /2017

Carlos Bazela

Jornalista e leitor compulsivo, gosta de cerveja, café e chá preto não necessariamente nessa ordem. Fã de boas histórias, principalmente daquelas contadas por meio de desenhos e balões.

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One thought on “Suicidas | O futuro visceral de Lee Bermejo

  1. Sala Imaculada 21/02/19 at 00:42

    […] a maioria das criações da área adulta da DC Comics é publicada aqui no Brasil pela Panini, como Suicidas. As HQs saem em periodicidade eventual, o que é complicado, pois você nunca tem certeza de quando […]

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