Quinta de nostalgia: Rain Man

Conscientização. Tá aí uma palavra importante. Se todo mundo a utilizasse mais, muitos problemas seriam evitados. Preconceito e desinformação estão entre as piores pragas deste mundo. Por isso, datas como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo são importantes. E para não deixar em branco, o Quinta de Nostalgia de hoje será sobre um filme fora de série cujo personagem principal tem autismo: Rain Man.

Charlie Babbitt (Tom Cruise) fica sabendo do falecimento do pai dele e, mesmo depois de anos sem contato, resolve ir ao velório. Não por tristeza nem nada disso, mas para reclamar a herança. Tamanha é a surpresa dele quando descobre que o pai deixou-lhe apenas Buick Roadmaster 1949 e as roseiras premiadas que tinha. O dinheiro mesmo acabou destinado a um irmão que Charlie não sabia que tinha: Raymond Babbitt (Dustin Hoffman), um homem autista que está internado em uma clínica. Como não é bobo nem nada, Charlie vai até a tal clínica e resolve “sequestrar” o recém descoberto irmão para tentar lutar por seu direito à herança. No caminho, ele a habilidade incomum de Raymond com matemática e resolve explorar isso nos cassinos de Las Vegas. E é aí que Charlie começa a conhecer e gostar de verdade do irmão e a questionar se as atitudes dele são corretas.

Rain Man não é a melhor referência para quem quer conhecer o autismo. A temática central é amizade entre irmãos e como situações inusitadas podem ajudar a moldar o caráter de uma pessoa. Com um roteiro bem amarrado e cenas incríveis, como quando Charlie ensina Raymond a dançar, o filme prende a atenção. É cativante, apaixonante. Impossível parar de assistir sem saber como acabará a história. O filme é de 1988 e foi dirigido por Barry Levinson (também diretor de Bom Dia, Vietnã e Assédio Sexual). Foi escrito por Ron Bass, Ronald Bass, Barry Morrow, David Rayfiel, Barry Levinson. No elenco, tem Dustin Hoffman, Tom Cruise, Valeria Golino (Susanna), Gerald R. Molen (Dr. Bruner), Michael D. Roberts (Vern) e Jack Murdock (John Mooney).

Destaque aqui para Dustin Hoffman está simplesmente brilhante como Raymond. Ele convence com a mudança de postura, da entonação de voz, da forma como fala e anda e até com o olhar perdido. Não é à toa que ganhou o Oscar pelo papel. Rain Man ainda faturou as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro. Sobre o Tom Cruise, particularmente não sou fã. Porém, acho que o papel de mauricinho Charlie Babbitt caiu como uma luva para ele e foi bem interpretado. Talvez a arte imitando a vida… Mas deixa para lá antes que eu arrume inimigas e inimigos

Rain Man é um filme para manter no catálogo eterno e assistir sempre que encontrar passando em algum canal de televisão. Recomendo muito para quem não teve a oportunidade de assistir.

 

Utilidade: saiba mais sobre o autismo de Rain Man

No filme, o personagem de Dustin Hoffman é savant. Síndrome de Savant é considerada um distúrbio psíquico no qual a pessoa possui uma grande habilidade intelectual aliada a um déficit de inteligência. As habilidades savants são sempre ligadas a uma memória extraordinária, porém com pouca compreensão do que está sendo descrito.

Encontrada em mais ou menos uma em cada 10 pessoas com autismo e em, aproximadamente, uma em cada 2 mil com danos cerebrais ou retardamento mental, a síndrome de savant é citada na literatura científica desde 1789, quando Benjamim Rush, o pai da psiquiatria americana, descreveu a incrível habilidade de calcular de Thomas Fuller, que de matemática sabia pouco mais do que contar. Em 1887, no entanto, John Langdon Down, mais conhecido por ter identificado a síndrome de Down, descreveu 10 pessoas com a síndrome de savant, com as quais manteve contato ao longo de 30 anos – como superintendente do Earlswood Asylum (Londres). Langdon usou o termo idiot savant (sábio idiota), para identificar a síndrome, aceito na época em que um idiota era alguém com QI inferior a 25.

Atualmente, graças aos cerca de cem casos descritos na literatura científica, sabe-se muito mais sobre esse conjunto de habilidades – condição rara caracterizada pela existência de grande talento ou habilidade, contrastando fortemente com limitações que, geralmente, ocorrem em pessoas com QIs entre 40 e 70 – embora possa ser encontrado em outras com QIs de até 114.

Há ainda muito a ser esclarecido sobre a síndrome de savant. Os avanços das técnicas de imageamento cerebral, entretanto, vêm permitindo uma visão mais detalhada da condição, embora nenhuma teoria possa descrever exatamente como e por que ocorre a genialidade no savant.

Fonte: Universo Autista

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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