Antes de Stan Lee e da Timely Comics virar a Marvel e antes mesmo do Superman levantar seu primeiro voo em 1938, já existia O Fantasma. Publicado pela primeira vez em uma tira de jornal em fevereiro de 1936, o personagem criado por Lee Falk e Ray Moore logo se tornou famoso no mundo todo. Em histórias simples, mas sempre com muita ação e heroísmo, o homem mascarado vestido de roxo lutava contra a pirataria e oportunismo, sempre protegendo a selva de Bengala, sempre munido de duas pistolas e constantemente acompanhado pelo cavalo branco Herói e por seu lobo de estimação, Capeto.
Já em O último Fantasma, HQ originalmente publicada pela editora norte-americana Dynamite, o tom simples do início dos anos 1940 dá lugar a uma trama mais pesada e com toques cinematográficos. Cortesia do roteirista Scott Beatty e dos desenhos feitos pelo brasileiro Eduardo Ferigato.
Publicada aqui em dois belíssimos encadernados de capa dura pela Mythos Books: “A Jornada do Espírito” e “A Lei da Selva”, contam a história de Kit Walker, um ricaço filantropo à frente da Fundação Jornada, uma entidade voltada para o bem-estar da nação de Bengala. Ao lado da esposa, a médica Radhi, e do filho Mosi, Walker usa sua influência entre os endinheirados dos EUA para arrecadar fundos e ajudar a trazer um pouco de estabilidade para o governo local.
Até que tudo muda. O avião de Kit Walker é derrubado durante um voo de volta dos Estados Unidos, Radhi e Mosi são assassinados e Bengala sofre um golpe de estado, indo parar nas mãos de um ditador cruel. O que ninguém esperava é que Kit Walker não só sobreviveu ao desastre, como é o vigésimo segundo de uma linhagem de heróis. Treinado por seu pai desde a infância, ele assume o juramento da família para acabar com a corrupção, a tirania e a maldade. Além de ser o protetor dos povos que vivem nas selvas de Bengala (e também ser protegido por eles).
No primeiro encadernado, acompanhamos basicamente a vingança do Fantasma contra os que mataram sua família, com a astúcia e a ação que fazem parte do personagem em seus quase 90 anos. Já no segundo, o Fantasma retorna à selva e começa a aceitar seu papel de protetor do país, que ainda sofre com a lei marcial do novo líder auto empossado. Também com o apoio de Capeto e Herói.
Mesmo com algumas passagens previsíveis, O Último Fantasma acerta em cheio na contextualização com política internacional. Ao colocar Bengala em conflito semelhante aos que muitos países da África passam, a HQ ganha ritmo. Tudo com direito a flasbacks do treinamento do novo Kit Walker e alusões aos fantasmas anteriores, contando, inclusive, a história de quando a lenda se originou, o que ajuda aos leitores novatos a se inteirar pela mitologia do personagem.
Também há alguns easter eggs para fãs mais antigos, como a presença de um uniforme vermelho. Diz-se que em alguns países – incluindo o Brasil –, quando as primeiras histórias do Fantasma foram publicadas, ele vestia vermelho porque as gráficas não conseguiam combinar as cores para obter a cor púrpura característica de seu traje.
Então, se você é um leitor novato de HQs, essa aventuras do Espírito que Anda (nome pelo qual ele é conhecido na selva) é o tipo de história que vai prender você e te deixar ansioso por mais. Já para os veteranos, é uma bela homenagem ao herói que ajudou a popularizar o termo para se referir a mascarados combatentes do mal.
Ficha Técnica:
Título:
O último Fantasma – A jornada do Espírito (vol.1),
O último Fantasma – A Lei da Selva (vol.2),
Editora: Mythos
Autores: Scott Beatty (roteiro) e Eduardo Ferigato (arte)
Capa: dura
Lombada: quadrada
Páginas: 176 (vol.1), 192 (vol.2)
Formato: 26,8 x 17,4 cm
Lançamento: agosto /2014 (vol.1) e junho /2016 (vol.2)
[…] “Antes dos super-heróis, haviam as máscaras”. A frase de contracapa do encadernado publicado no Brasil pela Mythos resume muito bem o que o leitor vai encontrar ao abrir “Máscaras”. Em capa dura, o volume reúne as oito edições originais da minissérie publicada nos EUA pela Dynamite Comics – a mesma do ótimo O Último Fantasma. […]
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