Mad Men: Análise da última temporada

“Isso é tudo? Isso é tudo? Se é isso mesmo, meus amigos, então vamos continuar dançando. Vamos nos embebedar e festejar. Isso é tudo”, canta Peggy Lee na abertura e encerramento de Severance, primeiro episódio da segunda parte da última temporada de Mad Men. O sonho dos anos 1960 acabou, e a ressaca dos 1970 atinge Don Draper (Jon Hamm) em cheio. “Isso é tudo?”, ele pensa enquanto vê sua pequena agência ser anexada a gigante McCann Erickson.

Nós, espectadores, sabemos que não. Já são oito anos vivenciando alguns dos melhores momentos da dramaturgia televisiva atual, e o capítulo derradeiro dessa jornada, Person to Person, já nos deixa com saudade de algo que acabou de terminar. Mas é como Don diz a Stephanie (Caity Lotz) no retiro riponga – e que nos prepara para a última cena de Mad Men: “Fica mais fácil quando você segue em frente”. Aliás, a conclusão, com Don alcançando a iluminação e transformando esse momento de nirvana em uma propaganda new age da Coca-Cola é genial.

E assim como acontece com Don, o destino de outros personagens marcantes da série passou longe da tragédia. Bom, menos para Betty Francis/Draper (January Jones). Mas era inevitável que alguém sofreria as consequências do consumo cavalar de cigarros que tanto marcou Mad Men. O que se esperava era uma dolorosa daquelas, mas a conta não chegou muito salgada para ninguém. Até para Pete Campbell (Vincent Kartheiser), que, afinal de contas, deixou de ser um menino mimado para finalmente se deixar crescer.

Assim como Roger Sterling (John Slattery), que se deu conta de que estava na hora de pendurar as chuteiras com classe. Ou com Joan Harris (Christina Hendricks), que percebeu que seu potencial não dependia dos babacas com quem ela se envolveu na vida. E também com Peggy Olson (Elisabeth Moss). Peggy, afinal, descobriu o amor. E que cena linda a declaração por telefone entre ela e Stan Rizzo (Jay R. Ferguson)!

Últimas temporadas e, principalmente, últimos episódios, geram reações adversas. Muita gente vai reclamar. Mas, sinceramente, não há motivos suficientes para isso. Mad Men termina com classe e dignidade intactas. Com uma sensação de esperança radiante de um mundo que tem tudo para dar certo. É claro que nós, seres do futuro, sabemos que não foi bem assim. Mas seguimos sorrindo. Felizes e unidos como em um comercial de Coca-Cola.

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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