Frostbite inova com pós-apocalipse congelado

O gênero de futuro pós-apocalíptico é um dos mais diversos da cultura pop. Zumbis, inundações, doenças, alienígenas… As variações sobre como o mundo pode um dia acabar em um lugar perdido e sem esperança, habitado por pessoas de caráter discutível é enorme. Tanto nos filmes, quanto nas HQs.

Capa da edição brasileira de Frostbite: Morte Gélida, publicada pela Panini

Lançada no Brasil pela Panini no primeiro semestre de 2019, Frostbite: Morte Gélida, inova ao trazer a neve e o frio para este contexto. E, para completar, ainda existe a geladura, uma doença altamente contagiosa que faz o corpo congelar de dentro para fora. Nesse universo inóspito, Keaton aprendeu a se virar. Ela, o motorista Barlow e seus companheiros vivem de transportar carga de cidade em cidade recebendo unidades térmicas, ou termo, como pagamento .

Nessa nova era do gelo, há quem pague um bom dinheiro para passar um minuto que seja dentro de uma sauna quente e motores com pulsar térmico são uma necessidade para se chegar de um ponto a outro do globo. E justamente por isso, o caminhão Quebra-gelo de Keaton é o escolhido pelo cientista Henry Bonham e sua filha Victoria para levá-los de Los Angeles até São Francisco.

Carga dramática

Antes de partir Keaton descobre que Henry fez parte do grupo de cientistas responsáveis por desencadear a nova era glacial e, consequentemente, liberar a geladura no mundo, enquanto tentavam criar uma fonte de energia alternativa de forma imprudente. Ela então resolve fazer justiça com as próprias mãos, uma vez que perdeu os pais para o frio, e acaba recebendo de Bonham a verdade antes dele morrer: Victoria sabe como curar a geladura e a chave está no laboratório localizado na Ilha de Alcatraz.

Obviamente, o segredo não é tão bem guardado assim e o grupo liderado por Keaton se vê em meio a um ataque dos homens do chefe Burns, que querem a garota a qualquer custo para curar seu chefe. Perdendo amigos pelo caminho, Keaton e Victoria desenvolvem um vinculo de amizade, mas se a verdade sobre a morte do pai da médica vier à tona, pode colocar tudo a perder. Inclusive o objetivo da viagem.

Mesmo com passagens previsíveis e alguns clichês, a história criada por Joshua Williamson tem seus momentos interessantes. Coroados pela bela arte de Jason Shwn Alexander, que consegue retratar com perfeição o mundo frio e usar a neve e a neblina como recursos visuais para aprofundar no drama das protagonistas.

Reinicio da Vertigo

Frostbite: Morte Gélida foi lançada originalmente em 2016, nos Estados Unidos, e marcou a reestruturação do selo Vertigo, que será descontinuado lá fora no fim deste ano para dar lugar à linha DC Black Label, com HQs mais adultas. No encadernado publicado no Brasil, há gancho para um próximo volume, com uma possível próxima etapa na saga de Keaton, Victoria e do ganancioso Burns pelo planeta congelado.

Ainda assim, é difícil dizer se o título tem o que é preciso para se tornar uma série regular. Afinal, mesmo sendo uma leitura instigante para um volume, Frostbite bebe de uma fonte que pode ficar enjoativa muito rápido. A menos que o mundo congelado traga novas surpresas além da geladura e conflitos previsíveis.

Ficha Técnica:
Frostbite: Morte Gélida
Autores: Joshua Williamsom (roteiro), Jason Shawn Alexander (arte) Editora: Panini
Capa: cartonada
Lombada: quadrada
Páginas: 148
Formato: 26 x 17 cm
Lançamento: maio / 2019

Carlos Bazela

Jornalista e leitor compulsivo, gosta de cerveja, café e chá preto não necessariamente nessa ordem. Fã de boas histórias, principalmente daquelas contadas por meio de desenhos e balões.

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