Crítica: Dragon Ball Xenoverse

Desenvolvido pela Dimps Corporation – que tem na bagagem a série Budokai, Street Fighter IV, Cavaleiros do Zodíaco: Batalha do Santuário e Bravos Soldados – e publicado pela Bandai-Namco, Dragon Ball Xenoverse (lançado para PC, Playstation 3, Playstation 4, Xbox 360 e Xbox One em fevereiro) – mistura elementos de RPG e luta para criar uma experiência única para os fãs da saga de Goku, resultando no melhor jogo da série depois do ótimo Dragon Ball Budokai Tenkaichi 3.

O modo história, que nos jogos anteriores meramente recontava os eventos de Dragon Ball Z e servia apenas para destravar personagens para o modo versus, aqui ganha uma importância muito maior. Ao iniciarmos o jogo pela primeira vez, assumimos o controle de Goku, reencenando assim as clássicas batalhas contra Freeza, Perfect Cell e Kid Boo e, após os combates, vemos o Trunks do futuro, agora membro da Patrulha do Tempo – organização que se dedica a preservar e impedir que viajantes do tempo alterem a história.

O fato chega ser irônico, considerando que Trunks fez justamente isso – pedindo a Sheng Long para trazer um guerreiro forte o bastante para combater a ameaça desconhecida que estava alterando a história de Dragon Ball. Por causa disso, as vitórias dos Guerreiros Z foram transformadas em derrotas e é nesse ponto que é introduzido o sistema de criação de personagem e podemos criar o “Guerreiro do Futuro, o herói de Dragon Ball Xenoverse.
É possível escolher entre Majin, Saiyajin, Namekuseijin, Terráqueo e raça do Freeza, sendo que cada raça possui características únicas – como o poder de regeneração dos Namekuseijins.

No caso de Majins, Saiyajins e Terráqueos, é também possível definir o sexo do personagem. Definidas a raça e gênero, é hora de customizar o personagem, ajustando a altura, massa muscular, cor da pele, tipo e cor do cabelo/cabeça, tipo e cor dos olhos, cor do uniforme, tipo de voz e, por fim, o estilo de luta.
Pode parecer pouco, mas definir a aparência inicial do personagem é só o começo, pois ao longo do jogo é possível obter novos trajes e habilidades, seja comprando em uma das lojas ou como prêmio por cumprir missões, permitindo possibilidades quase infinitas para tornar cada um deles único, de modo que dificilmente serão encontrados dois personagens idênticos durante o jogo.

Uma vez criado, o herói é transportado para TokiToki City, uma cidade que existe fora do tempo, que serve de base de operações para a Patrulha do Tempo e é também o lobby do jogo. O personagem é então recebido por Trunks, que aplica um rápido teste para avaliar as habilidades do guerreiro do futuro, ensinando os comandos básicos no processo. Em seguida o herói é introduzido ao ambiente de TokiToki City.

A cidade é dividida em três áreas: Praça do Tempo – a área central da cidade, que abriga o pedestal das Esferas do Dragão, onde é possível invocar Sheng Long após reunir as esferas; o setor de registro do Torneio de Artes Marciais – área destinada ao multiplayer local; e o Ninho do Tempo, sobre o qual falaremos mais pra frente. Em seguida temos o Setor Industrial – que concentra as lojas da cidade, onde é possível comprar novos trajes, habilidades, acessórios e itens; e, por fim, a Estação das Máquinas do Tempo, onde é possível realizar lutas e missões on-line e off-line.

VOLTANDO A HISTÓRIA
Após explorar Toki Toki City, o herói do futuro enfim ganha acesso ao Ninho do Tempo e as missões da Patrulha do Tempo, com a primeira distorção histórica ocorrendo na luta de Goku e Piccolo com Raditz. A partir daí, o esquema é simples: antes de cada missão acontece uma cutscene mostrando a história alterada e então o guerreiro do futuro entra em ação para corrigir a distorção. Ao contrário dos jogos anteriores., que cobriam todos os eventos de Dragon Ball Z, nesse caso as distorções acontecem apenas nos momentos chave de cada saga.

Além das missões principais temos também as “Parallel Quests”, missões secundárias que podem ser cumpridas em equipes de até três lutadores, que dão a chance do jogador ganhar novos trajes e técnicas relacionadas aos adversários enfrentados em cada missão. Importante lembrar que todas as missões tem condições especiais que, ao serem cumpridas, oferecem uma classificação melhor ao jogador, o que aumenta as chances de conseguir os melhores prêmios.

Durante essas missões existe a chance de encontrar patrulheiros do tempo em treinamento. Estes, ao serem vencidos, podem entregar ao personagem uma das Esferas do Dragão que, uma vez reunidas, podem ser usadas para liberar novos personagens, técnicas e trajes. Além disso, certas técnicas só podem ser adquiridas treinando com um mestre, permitindo assim que o patrulheiro do tempo se torne discípulo de diversos heróis e vilões icônicos. De novo, as missões tendem a ser repetitivas, com objetivos como reduzir a energia do adversário até um certo ponto, finalizar a luta usando uma técnica adquirida na etapa anterior e por aí vai. De modo geral, além de adquirir técnicas como o Final Flash de Vegeta e o Super Kamehameha de Goku, a presença dos mestres aumenta a experiência do jogo.

JOGABILIDADE
A jogabilidade de Dragon Ball Xenoverse lembra muito a de Budokai Tenkaichi 3, com comandos bastante simples. No caso das versões para Playstation 3 e 4, usa-se quadrado para golpes fracos, triângulo para golpes fortes, círculo para disparos de energia e X para saltar e iniciar o vôo. O sistema de combos se baseia em sequências simples de golpes fortes e fracos e, embora seja meio repetitivo, funciona bem.

Além dos ataques básicos existem também as técnicas especiais, divididas em super e ultimate skills – é possível equipar até 4 ataques super e dois ataques ultimate e uma habilidade defensiva; levando em conta todas as técnicas é possível criar combos realmente devastadores durante os combates.

Mas nem tudo é perfeito e existem aspectos do sistema de combates que deixam um pouco a desejar em relação a BT3. É o caso das habilidades comuns: carregar a barra de magia ou disparar um tiro de energia mais forte agora são consideradas técnicas especiais e, como tal, precisam ser equipadas em um dos quatro espaços correspondentes. Outro aspecto que decepciona um pouco é que não existem colisões de poderes.

O funcionamento das transformações também é diferente. Nos games anteriores eram consideradas habilidades à parte, mas aqui são vistas como ataques, ocupando um espaço de técnica super no caso do Kaioken, e um de técnica ultimate no caso das transformações de Super Saiyajin.

Ao cumprir missões, o jogador é avaliado com base na pontuação obtida, e classificado em uma escala que vai de D (a mais baixa) até Z. Os pontos conquistados permitem ao lutador subir de nível e melhorar suas características: vida, vigor, ki, ataques normais, ataques especiais corpo a corpo e ataques especiais energéticos são alguns exemplos. Inicialmente a evolução parava no Nivel 80 mas, com as últimas atualizações, o nível máximo foi aumentado para 85.

ALTOS E BAIXOS
Um dos pontos altos de Dragon Ball Xenoverse é o multiplayer online, no qual é possível não apenas desafiar outros jogadores para batalhas de até 3 lutadores de cada lado em quase todos os ambientes do jogo, mas também realizar as Parallel Quests junto com outros dois jogadores. Além do lutador customizado é possível escolher entre 47 personagens diferentes, sem contar as expansões. Infelizmente o mesmo não se pode dizer do multiplayer local. Caso dois jogadores queiram jogar um contra o outro no mesmo console, a única arena disponível pra isso é a do torneio de artes marciais.

Os gráficos também são ótimos, com os personagens bastante expressivos renderizados em cell-shading, de modo que parecem de fato que foram desenhados. Existem algumas pequenas falhas, como sombras pixelizadas e perda de definição no caso das versões para PS3 e Xbox 360, mas nada que afete o jogo. A câmera pode confundir um pouco o jogador em ambientes fechados ou quando se aproxima demais, mas não chega a tornar uma partida inviável.

A trilha sonora do jogo é um caso a parte, com músicas de fundo que representam muito bem o clima da série. O tema de abertura do jogo é, nada mais nada menos, que uma versão remasterizada de Cha-la-Head-Cha-La. Além disso, é possível escolher entre usar a dublagem americana ou a original japonesa, com legendas em inglês. Confesso que uma opção de dublagem brasileira faz falta, seria ótimo ouvir o Vegeta chamando seus adversários de vermes na voz de Alfredo Rollo.

Emfim, Dragon Ball Xenoverse não é um jogo perfeito, mas o conjunto da obra é realmente admirável, resultando no jogo que todo fã de Dragon Ball esperava desde Budokai Tenkaichi 3. Vamos agora esperar que a Dimps continue nesse caminho para um eventual Xenoverse 2.

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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