Capitã Marvel | Crítica do filme

Em seu discurso de agradecimento no Oscar 2019, Lady Gaga repetiu uma fala de Rocky Balboa em sua quinta continuação onde o ex-pugilista fala ao filho que “a vida não se trata de bater forte, se trata de quanto você aguenta apanhar e seguir em frente, o quanto você é capaz de aguentar e continuar tentando. É assim que se consegue vencer”. A frase impactante que inspirou de certa maneira a cantora e atriz, cai como uma luva para a Capitã Marvel, outro acerto da Casa das Ideias e de seu vasto e rico universo.

Capitã Marvel é antes de tudo um filme feminino. Ele está para o feminismo do mesmo jeito que Pantera Negra é representativo para os afrodescendentes. Aqui as mulheres fogem do estereótipo comum de vítimas, escadas ou protegidas por um personagem masculino. Elas são fortes, determinadas e capazes de enfrentar qualquer problema ou situação. Seja dividir seu tempo como mãe solteira e piloto do exército norte-americano, seja como cientista, seja para encarar homens de igual para igual.

As reações negativas que o filme vem recebendo antes mesmo de sua estreia, principalmente de machistas, já mostram a importância da produção e de sua protagonista, Brie Larson (Carol Danvers / Vers / Capitã Marvel), que provocou a reação dessa turma após uma série de declarações feministas e sua defesa por mais inclusão de minorias em diversos segmentos, como críticos de cinema. O acerto em Larson não se resume apenas em suas posições e ideologia. A atriz cai como uma luva na personagem, sabendo conduzir sempre de maneira segura o lado dramático, cômico e as cenas de ação. Isso sem contar com a química perfeita com Samuel L. Jackson (Nick Fury).

Ambientado nos anos 90, Capitã Marvel apresenta Vers e a tropa espacial Starforce, liderada por Yon-Rogg (Jude Law), comandante da raça Kree. Após uma missão contra os Skrulls dar errado, a combatente escapa para a Terra. Através de flashbacks, ela descobre seu passado como Carol Danvers, uma piloto do exército norte-americano e enquanto luta contra uma invasão Skrull, ela precisa escapar do agente da S.H.I.E.L.D., Nicky Fury.

A trilha sonora é outro ponto forte de Capitã Marvel. Como não poderia deixar de ser, ela é ambientada no período em que o filme se passa e com destaques para bandas femininas que fizeram sucesso na época como Hole (que era liderada por Courtney Love) e a inglesa Elastica.

Assim como O Homem-Formiga, Capitã Marvel é um filme ‘menor’ da Marvel, e como todo ‘filme de origem de super-herói’ tem um roteiro simples e competente que precisa perder tempo explicando quem é quem, suas motivações e ambições. Há duas maneiras de se encarar o vilão aqui. Se for um personagem em si, ele é, assim como a maioria dos vilões da Marvel, fraco e insignificante. Se for o ideal contra o qual ela luta, ele atinge um outro patamar. Isso sem contar que o principal aqui, além de apresentar o personagem para fora do universo dos quadrinhos, é inseri-la na trama dos Vingadores e mostrar como ela será fundamental no desfecho dos heróis em Vingadores: Ultimato.

O filme toca em outra questão relevante que é a maneira como refugiados e imigrantes são encarados pelos povos que são ‘invadidos’ por eles. Este tema, além do feminismo são assuntos delicados que a Disney vem tocando em diversas produções e que vem irritando plateias mais radicais que bradou contra o ode à cultura mexicana em “Viva – A Vida é Uma Festa”, a representatividade negra em “Pantera Negra” e a politicagem e inclusão de personagens gays em “Star Wars”. Só por fazer também esse estardalhaço e mexer com o público mais radical, Capitã Marvel já mostra sua relevância.

O filme conta com duas cenas extras. Uma durante os créditos que liga ao universo dos Vingadores e vai deixar toda a plateia arrepiada e uma pós créditos que é totalmente dispensável.

Capitã Marvel (Captain Marvel, EUA – 2019)
Direção:
Anna Boden e Ryan Fleck
Roteiro: Anna Boden, Ryan Fleck e Geneva Robertson-Dworet
Elenco: Brie Larson, Samuel L. Jackson, Jude Law, Annette Bening, Ben Mendelsohn, Lashana Lynch, Lee Pace, Djimon Hounsou, Clark Gregg e Gemma Chan
Duração: 128 min

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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