Better Call Saul: Série estreia batendo recorde

A estreia de Better Call Saul não poderia ser melhor. O canal americano AMC acertou em cheio na tática: Programou o retorno de The Walking Dead (seu carro chefe em termos de audiência), para ser exibido antes do spin off de Breaking Bad. O resultado foi a conquista do recorde de maior audiência para uma estreia na TV a cabo americana.

Better Call Saul atingiu 6,9 milhões de espectadores superando o recorde de O Vidente, que estreou em 2002 com 4 milhões. Além do fator The Walking Dead, a qualidade da série, que em muitos momentos lembra Breaking Bad, principalmente na fotografia, na narrativa, humor negro e no carisma do protagonista. Isso sem contar as “participações especiais” de dois personagens que fizeram história na série original: Mike e Tuco.

A história começa em um flashforward mostrando o que aconteceu com Saul após os acontecimentos de Breaking Bad. Deprimido, solitário, um pouco careca e usando um bigode, ele trabalha em uma confeitaria chamada Cinnabon e sua única diversão é assistir no vídeo cassete os comerciais do “Saul advogado”. O fracasso dele é semelhante ao de Walter White e é impossível não conectar os personagens pelos seus dramas pessoais.

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Ainda usando seu nome verdadeiro, Jimmy McGill é uma advogado fracassado, vivendo de pequenos casos que ele pega na porta do tribunal (no Brasil ele seria o famoso advogado de porta de cadeia), divide a casa com um irmão paranoico e seu “escritório” funciona nos fundos de um salão de manicure. Um cenário deprimente de uma série que nasce com brilhantismo por vários fatores.

A fotografia de Better Call Saul é magistral. São ótimas tomadas, com enquadramento, cores e iluminação deslumbrantes sejam em ambientes fechados ou em abertos (a cena dele convencendo os skatistas a entrar no seu golpe, em uma pista colorida é maravilhosa).

Outro ponto forte é o elenco. Bob Odenkirk segue excelente como Jimmy McGill/Saul Goodman e está muito bem amparado por Michael McKean(que interpreta o seu irmão paranoico, Chuck McGill) e por outros atores que marcaram Breaking Bad: Jonathan Banks (Mike Ehrmantraut) que ainda não se tornou o poderoso capanga de Gustavo Fring, trabalha no guichê do estacionamento e vive numa guerra de nervos com Sall e Raymond Cruz (o Tuco Salamanca, primeiro vilão a cruzar o caminho de Walter White).

O roteiro é outro ponto forte da série. Os diálogos e, principalmente os silêncios constrangedores, marcam presença e o humor negro, como não poderia deixar de ser, aparece com força em Better Call Saul.

Embora Jimmy McGill ainda não tenha se transformado totalmente em Saul Goodman nesses dois primeiros episódios da série, já dá para perceber que o caminho está traçado para que a transformação aconteça em breve. Better Call Saul chegou cercada de muita expectativa e de cara já deu conta do recado. Embora muito seja cedo para afirmar que ela será tão boa quanto a série que lhe deu origem, uma coisa já podemos dizer: Não se trata de um caça níquel que tenta apenas se aproveitar do sucesso de Breaking Bad.

Fabio Martins

Santista de nascimento, flamenguista de coração e paulistano por opção. Fã de cinema, música, HQ, games e cultura pop.

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